Comunicação entre pais e filhos

Por Polyana Luiza Morilha Tozati em

Texto com conteúdo transcrito resumidamente

Do Livro: “Comunicação entre Pais e Filhos:
A Linguagem do Sentir”
Maria Tereza Maldonado

FORMAS TÍPICAS DE COMUNICAÇÃO E SEUS EFEITOS

01 – DAR ORDENS

“Crianças e adolescentes são bastante sensíveis à inconsistência e à incoerência e captam muito bem o ‘sim’ oculto pelo ‘não’. Filhos ‘impossíveis’ costumam ter pais que secretamente se orgulham das ‘proezas’, apesar das broncas, ordens e ameaças. ‘Não admito que você continue se comportando dessa maneira ’pode vir com um tom secreto de ‘Pode continuar, sim, é a fase da vida que a gente pode fazer bagunça mesmo’.”

É preciso avaliar os sentimentos que norteiam a educação de nossos filhos.

“Por outro lado, os filhos podem ‘solicitar’ ordens e castigos dos pais. Estes se sentem perdidos, sem conseguirem utilizar outros recursos para garantir que o que precisa ser feito será feito.

Cria-se, em casa, uma verdadeira brincadeira de ‘gato e rato’ com crianças e adolescentes ‘movidos à mãe’: só cumprem as tarefas quando ouvem ordens seguidas; queixam-se de que a mãe é chata e insuportável, mas eternizam o circuito, na medida em que nada fazem por conta própria e, dessa forma, ‘convidam’ a mãe para prosseguir no mesmo caminho infrutífero. Esse círculo pode ser interrompido quando todos – cansados de repetir as mesmas coisas todos os dias – resolvem fazer ‘miniacordos’ para os pequenos detalhes do cotidiano.”

“O excesso de ordens costuma provocar resistência e rebeldia porque as pessoas, de qualquer idade, se ressentem quando permanentemente submetidas à autoridade, sem sobrar espaço para sua autonomia e capacidade de decisão. Por isso, a resistência e a rebeldia diminuem quando, no lugar de ordens explícitas, damos à criança a oportunidade de escolher com autonomia.

A resistência tende a diminuir quando, em vez do ‘não’, damos ordens positivas, que melhor atendem a necessidade de ação e de movimento. ‘Largue a planta!’, em vez de ‘Não vá para esse lado’.

É importante diferenciar entre a resistência devida à defesa da própria autonomia e a resistência devida às ‘guerras’ que se criam no relacionamento. A resistência-autonomia é uma fonte de aprendizagem para os pais, pois indica que a criança está defendendo seu direito de tomar decisões, de cuidar de si própria, de saber o que é melhor para si.(…)Por outro lado, na resistência-‘guerra’, pais e filhos ‘empacam’, medindo forças para ver quem manda mais. Nesses momentos, os pais costumam atuar como crianças, desafiando e provocando os filhos.

Nesse contexto, o relacionamento se transforma em luta pelo poder. Isso aumenta a rebeldia, que expressa a recusa em deixar-se dominar. Quando os pais estão movidos pela necessidade de vencer as batalhas, insistem em dar ordens de modo autoritário, arbitrário e implicante ‘para mostrar quem manda nesta casa’. Consideram o uso de outras alternativas como ‘rendição’. Na verdade, empregar outros recursos para evitar das ordens não significa ceder nem se violentar abrindo mão de coisas importantes. Trata-se, apenas, de respeitar mais as necessidades e a autonomia das crianças e dos jovens.

Outro comprometimento que o uso excessivo de ordens pode acarretar:

“O uso excessivo de ordens pode expressar a descrença de que a criança seja capaz de saber o que faz. É necessário prevenir os filhos sobre os perigos que existem e como podem evitá-los. Porém a repetição excessiva de ordens e recomendações só provoca irritação e hostilidade.

A longo prazo, os efeitos do uso excessivo de ordens na formação da personalidade podem ser bastante diferentes:

– podem abafar o desenvolvimento da autonomia, tornando a criança excessivamente submissa e passiva;

– diante de figuras de autoridade, tende a ‘engolir’ tudo e obedecer de forma automática.

– por outro lado, pode gerar extrema rebeldia, recusa ativa a submeter-se a qualquer coisa, continuando a comportar-se de modo inaceitável para não se deixar dominar;

– pode dificultar o desenvolvimento da responsabilidade e do controle interno: a criança e o adolescente só fazem o que devem quando mandados e vigiados, nunca por iniciativa própria.

Cada criança pode desenvolver um modo peculiar de encarar e reagir às ordens:

– uma sente as ordens como leis que precisam ser obedecidas;

– outra com desaforo, abuso de poder, desafio a ser enfrentado com rebeldia;

– uma terceira criança pode desenvolver táticas diplomáticas para contornar a situação da melhor maneira possível;

– pode acontecer também que uma mesma criança modifique sua maneira de reagir às ordens em diferentes contextos ou em diversas etapas de seu desenvolvimento.

02 – AMEAÇAR

“Fazemos ameaças quando tememos perder o controle da situação ao tentarmos modificar comportamentos que consideram0os indesejáveis. Tal como as ordens, o uso excessivo de ameaças provoca desgaste: crianças e jovens ficam tentados a testar as ameaças, para ver se, de fato serão cumpridas.

As crianças ‘compram a guerra’ das ameaças de várias maneiras: os pais ficam desarmados quando o filho não se importa para sair triunfante da situação. Muitas  crianças logo aprendem a assustar e tentar controlar os pais com ameaças, usando as mesmas armas de combate: ‘Se você não me contar histórias, não vou dormir’, ‘Se você não me der o brinquedo que eu quero, vou me mudar para a casa da vovó e nunca mais volto aqui.

As ameaças são também utilizadas para ver quem é mais forte. Condutas desafiantes, provocativas e irritantes dos filhos costumam ser reações a condutas igualmente desafiantes, provocativas e irritantes dos pais.”

As ameaças que envolvem abandono ou perda de afeto comprometem de modo nocivo a sensação de segurança e estabilidade do relacionamento. Particularmente perigosas também são as ameaças que envolvem conseqüências desastrosas.

Pode-se distinguir dois tipos de ‘condicionalidade’:

– a ameaça de sofrer alguma punição; ou,

– a promessa de que se fizer o que deve vai ganhar alguma coisa, recompensa;

03 – DAR LIÇÕES DE MORAL

Lições de moral, sermões ou conselhos quase sempre, são apresentados sob a forma de máximas, como uma espécie de lei. O problema é que essas máximas podem ficar dentro da gente como algo inquestionável, que engolimos inteiro como ‘aquilo que realmente deve ser’. Quando sentimos algo diferente do que prega a máxima, nos sentimos inferiorizados, culpados, desajustados, pois não desenvolvemos a capacidade de avaliar e filtrar o que faz sentido para nós.”

04 –DAR SUGESTÕES

05 – PERSUADIR

06 – NEGAR PERCEPÇÕES

07 –CONSOLAR E DAR FALSO APOIO

08 – DISTRAIR, FUGIR DO PROBLEMA

09 – CRITICAR E OFENDER

10 – RIDICULARIZAR E APELIDAR DEPRECIATIVAMENTE

11 – ELOGIAR

12 – FAZER PERGUNTAS

13 – ENVIAR MENSAGENS CONTRADITÓRIAS

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