Relacionamento Conjugal: Estratégias para superação de conflitos

Por Polyana Luiza Morilha Tozati em

O presente resumo foi realizado a partir da compilação e transcrição literal de trechos do livro Até que a Morte nos separe (A menos que eu te mate antes), de James Turndorf (Cultrix. São Paulo, 2000), no qual a autora propõe um programa de resolução de conflitos, visando romper com o círculo das brigas destrutivas, característico de casais em permanente conflito.

O livro apresenta importantes reflexões acerca do funcionamento inadequado de alguns casais, nos quais mágoas, raivas não-resolvidas e desentendimentos são constantes e impedem a superação de conflitos, conquistado a partir do uso construtivo de rotas de fuga, as válvulas de escape e as respostas verdadeiras que constituem instrumentos essenciais para a sobrevivência conjugal.

A autora esclarece que apesar de, inicialmente o programa estar destinado a ajudar casais casados a resolver situações de briga crônica, os princípios e técnicas apresentados também se dirigem a casais não-casados e a parcerias homoafetivas. E enfatiza ainda, que as generalizações masculino/feminino se baseiam em tendências estatísticas, mas exceções nos relacionamentos sociais sempre são possíveis e produtivas. E faz uma ressalva: “Observe que dirigi este livro às mulheres – as “vigilantes do relacionamento” na nossa sociedade. Se você for um leitor do sexo masculino (ou que funcione a partir do princípio masculino), as minhas desculpas, bem como a minha admiração por você ser um tipo especial de homem.” (p. 09)

Para compreender a Química das Brigas

            O retraimento marital, uma reação primitiva de fuga que acontece quando o marido se sente atacado, pelas críticas e cobranças da esposa. E, de acordo com ampla pesquisas, o retraimento marital é a principal caus dos conflitos conjugais e dos divórcios. (p.16)

Essa reação é provocada entre duas modalidades incompatíveis de tratar o conflito: a da mulher, que exprime intensamente sua mágoa e sua raiva, e a do marido, que foge do confronto. O nome técnico desse fenômeno é Círculo da Escalada Negativa da Exigência/Retraimento.

            De acordo com as pesquisas de J. M. Gottman e de R. W. Levenson, o retraimento marital é causado por um desequilíbrio químico que se manifesta quando o homem se sente ameaçado. Quando isso acontece, o sistema nervoso autônomo (SNA) do homem é ativado num alto nível. Suas glândulas supra-renais começam a bombear adrenalina, seu coração acelera, seus músculos ficam tensos. Trata-se das manifestações fisiológicas da ativação do SNA; são automáticas, pois ocorrem sem a mediação do pensamento. (p. 16)

Quando ocorre a ativação do S.N.A., desencadeia-se a resposta de “lutar ou fugir”, herança dos instintos primitivos de sobrevivência. Como veio esse mecanismo a fazer parte da forma mais comum de conflito conjugal – o Círculo da Exigência/Retraimento?

            Quando a mulher critica e hostiliza o marido, o homem moderno se vê diante do mesmo dilema que seus ancestrais primitivos tiveram de enfrentar: combater o inimigo ou fugir. Como o marido não quer atacar a esposa  zangada (lutar), seu corpo envia sinais que fazem que ele fuja, se retraia.

Os comportamentos de retraimento se mostram em termos físicos, verbais e psíquicos. São exemplos de fuga física, sair de casa ou do cômodo em que está e/ou evitar contato com a parceira; a fuga verbal envolve desculpas, a justificação ou a negação da responsabilidade, o ataque verbal ou a resposta com uma acusação com outra; e a fuga psíquica, que ocorre quando a mente se retira, inclui não ouvir (surdez funcional), ficar sem expressão facial, ficar em silêncio ou evitar olhar para a mulher. (p. 17)

Desconhecendo que as reações de fuga do marido resultam dessa programação, a mulher vai ficando cada mais irritada porque ele parece não se importar com ela e, sem o desejar, desencadeia no marido ainda mais alarmes biológicos de emergência. Quanto mais ele foge, tanto mais brava ela fica, e dentro de muito pouco tempo as brigas conjugais se tornam crônicas. (p. 17)

Para piorar, quando a ativação do SNA está no seu nível máximo, sobrevém outra reação fisiológica que intensifica ainda mais o conflito conjugal: há uma redução das funções cognitivas masculinas, o que significa que razão e lógica deixam de existir. Logo, o que se deve ter em mente é que, em todos os casamentos atingidos pelo conflito crônico, a ativação residual do SNA e a interrupção crônica do funcionamento cognitivo alimentam a continuidade da discórdia. (p. 18)

O Campo da Batalha Conjugal:

Avalie e perceba suas Brigas

            Quais os motivos mais comuns de conflitos? Ao ler a relação a seguir, lembre-se de que se trata de um panorama superficial que nada tem de definitivo. É preciso ainda saber que as queixas conjugais de modo geral são feitas pelas mulheres – o que explica o fato de a pessoa queixosa nos exemplos a seguir ser em geral uma mulher. (p. 21)

Conflitos afetivos

Desacordos com respeito à frequência das demonstrações de afeto (os abraços, os beijos, o uso das palavras carinhosos, o romantismo, etc) Um dos cônjuges deseja mais demonstrações de cunho emocional do que o ouro se dispõe a dar. (p. 22)

Conflitos sexuais

Conflitos acerca da maneira, da frequência, da técnica, etc. As discussões relativas a “quando”, “onde”, “como”, “quanto”. (p. 22)

Questões íntimas

            Desacordos quanto ao grau de proximidade/distância emocional e/ou física no relacionamento. Um parceiro quer passar mais tempo longe do que o outro. Um dos cônjuges nunca dá atenção aos sentimentos do outro ou passa pouco tempo em casa e/ou as crianças. Um dos companheiros nunca comunica ao outro seus sentimentos íntimos. (p. 22)

Discussões por Causa do Lazer

Discordâncias sobre o tempo a ser dedicado a atividade de lazer. Desacordos sobre os tipos de atividade a realizar e sobre a participação ou não do outro cônjuge. (p. 22)

Brigas por Causa do Ciúme

Sempre que um dos parceiros dá atenção a alguém, o outro se mostra loucamente ciumento. O parceiro ciumento costuma pensar que o outro está flertando com esse alguém (mesmo quando isso não é verdade) (p. 23)

Discussões por Causa de Tarefas Domésticas

Desacordos quanto à desigualdade na divisão de tarefas decorrentes da sensação de um dos parceiros de que lhe cabe uma parcela desproporcional das responsabilidades de um dos parceiros de que lhe cabe uma parcela desproporcional das responsabilidades domésticas ou então da recusa de um dos companheiros a ajudar em casa. (p. 23)

Discussões por Causa do Não-Cumprimento de Tarefas

Nessas discussões, em geral é a mulher que briga com o marido porque ele não cumpriu as obrigações com que se comprometera.

Brigas por Causa da Falta de Iniciativa

            Nesse gênero de discussões, a mulher se irrita porque o marido nem sequer percebe que há várias coisas a fazer – nem parece se importar com isso. (p. 23)

Discussões sobre a Educação dos Filhos

Discordâncias relativas ao grau de tolerância/rigor sensação de que um dos genitores desautoriza o outro, não se empenha em ver cumpridas regras estabelecidas em conjunto ou altera as decisões que o outro tomou. Ressentimento por causa da divisão desigual das responsabilidades na criação dos filhos. (p.24)

Discussões por Causa do Sogro/Sogra

Brigas por razões de lealdade, decorrentes da sensação de um cônjuge de que o outro está sempre do lado dos parentes. Desacordos sobre quanto se deve passar com os parentes. (p. 24)

Brigas por Causa dos Amigos

Desavenças causadas pelo tipo de amigos que se tem; sobre o tempo que se deve passar com os amigos sem o cônjuge, sobre o empo que o casal deve passar com os amigos ou com outros casais. (p.24)

Conflitos de Valores

Discórdias sobre os objetivos de vida, sobre o que é importante na vida; problemas vinculados com valores culturais, religiosos ou sexuais, com o hábito de fumar ou de beber; divergências de gostos ou interesses, incluindo conflitos sobre o comportamento adequado no convívio social. (p. 25)

Discussões por Causa do Egoísmo ou Falta de Cooperação

Um dos parceiros não se dispõe a se empenhar com o outro a fim de descobrir uma solução mutuamente satisfatória para algum conflito. Um parceiro sente que o outro é persistentemente teimoso ou insensível. (p. 25)

Discussões sobre a Mania de Controlar

            Nessas discussões, um dos cônjuges sente-se controlado ou manipulado pelo outro. Um cônjuge que necessita estar no controle costuma se assustar com o ser controlado, Dessa maneira, a pessoa que dirige a outra o faz para evitar que ela mesma seja dominada. (p. 25)

Discussões por Causa e Dinheiro

Discordância por causa de contas a pagar, bem como acerca de quanto deve ser gasto imediatamente. Desavenças por causa dos gastos excessivos de um dos cônjuges, de sua sovinice ou de sua atitude de excessivo controle o que se refere ao dinheiro. (p. 25)

Discussões de Luta pelo Poder

Os parceiros brigam por qualquer questão imaginável e nenhum deles está disposto a ceder. Eles não chegam a nenhum acordo e logo se parecem com cães brigando pelo mesmo osso. O filme A Guerra dos Roses descreve uma luta pelo poder que termina em morte. Lembre-se de que, mesmo que um parceiro consiga prevalecer, os dois perdem quando as lutas pelo poder assumem o controle do casamento. (p. 26)

Discussões por Causa do Fechamento do Outro

Neste tipo de discussões, em geral é a mulher que se queixa de que o marido não se abre com ela. (p. 26)

Discussões porque “Você nunca me ouve”

Este tipo de discussões é um problema conjugal comum. E, mais uma vez, é a mulher que costuma se queixar sobre o fato de o parceiro não dar importância às suas necessidades emocionais. (p. 26)

Conflito versus Briga

            É preciso fazer uma distinção entre conflito e briga. Apesar do fato de os dois diferirem, é comum que as mesmas palavras se façam presentes. Sempre que as necessidades e desejos de alguém se vêem prejudicados, ocorre um estado de conflito. Se o conflito não for resolvido amigavelmente, surge a raiva. É a maneira de a pessoa tratar a raiva que determina se um conflito vai ou não se tornar uma briga.

A maioria dos casais infelizes não sabe como transformar sentimentos de raiva em comunicação construtiva. Transformam a raiva em atos e palavras e ações hostis (palavrões, sarcasmos, ameaças e insultos). Raiva produz mais raiva. (p. 27)

Se transformar raiva em atos não funciona, o que dizer de expressa sentimentos de raiva em palavra?

Emoções brutas, de raiva, nunca devem ser lançadas em sua forma pura sobre o parceiro. Torna-se útil o uso da imagem de uma peneira e antes de discutir com o seu parceiro o que incomoda, é preciso filtrar as emoções brutas. Aquilo que permanece na peneira deve ser mantido para você mesma, somente o que passa pela peneira do seu intelecto é adequado ao consumo humano. (p. 28)

É essencial aprender a gerenciar suas emoções brutas e a transformá-las em comunicações construtivas que sejam úteis a você, ao parceiro e ao relacionamento. O segredo é o seguinte: o casamento é feito ou desfeito pela maneira como a pessoa trata a raiva. (p.29)

O Hábito de Brigar

            Para alguns casais, a briga fora de controle é justo o que eles inconscientemente desejam manter. Por mais incômoda que seja abriga, a perspectiva de não brigar pode ser ainda pior. Por exemplo, a briga crônica pode evitar outros sentimentos que seriam terríveis demais para um dos parceiros ou para os dois. Viciar-se na briga é aquilo que os psicólogos designam por hábito de brigar.

            Como acontece com qualquer vício, tentar livrar-se do hábito pode fazer a pessoa se sentir pior antes que haja melhora.

O Respeito aos Limites:

Eliminar as Ciladas das Brigas e as Táticas Incorretas de Resolução de Conflitos

            As Ciladas das Brigas e as Táticas Incorretas de Resolução de Conflitos, mantém os casais presos no vórtice das brigas e é preciso ter certeza de que os cônjuges estão dispostos a renunciar a elas.

Nós, humanóides, somos criaturas de hábitos, com uma permanente batalha sendo travada no íntimo de cada um de nós: num nível, queremos seguir em frente e, no outro, queremos manter tudo como está.  (p. 33)

Há duas categorias de Ciladas que os casais podem incorrer nas Brigas constantes. Por mais “normais” que elas possam parecer, lembre-se de que as ciladas não são nem normais e saudáveis. Todas elas mantém e agravam o conflito conjugal, deixando os cônjuges em luta permanente. Para sair destas armadilhas, é necessário identificar as Ciladas das Brigas para poder acabar com elas: Guerra Declarada e Guerra Fria. (p. 35)

As Ciladas das Brigas: Guerra Declarada

Contra-ataques: Em casamentos perturbados, é raro que os parceiros escutem o que o outro diz, e eles não perdem a oportunidade de atribuir a culpa aos outros. O contra-ataque acirra o conflito e impede a resolução.

Ataques Verbais: O Ataque Verbal leva a respostas defensivas e a contra-ataques verbais. (p. 36)

Contagem de Pontos: controlar e contabilizar os erros do parceiro.

Assassínio da Personalidade: Designações ofensivas, insultos, humilhações.

Generalização: “Você Sempre”/”Você nunca”

Lata de Lixo: Trata-se de jogar numa discussão tudo o que está incomodando algum dos parceiros.

Jogando Lenha na Fogueira: Quando usam esta armadilha, os casais fazem comentários inflamáveis que sabem que vão irritar o cônjuge. Isso é conhecido popularmente como “pisar nos calos”.

Jogo Sujo ou Golpe Baixo: Nesta Cilada, a pessoa que está irritada usa informações fora de contexto para dar um golpe baixo. (p. 37)

História Antiga: Quando um cônjuge traz à tona algo que seu parceiro/sua parceira disse ou fez no passado recente ou remoto, chamo isso de Cilada da História Antiga. (P. 38)

Explosões: Quando irritado, o parceiro explosivo perde o controle – grita, reclama, xinga e pode até tornar-se abusivo verbal ou fisicamente. Esse comportamento causa no cônjuge vitimado dois efeitos: ou ele se torna um “capacho” ou revida. Neste último caso, é comum que a violência física venha em seguida. Requer-se ajuda profissional quando o comportamento explosivo está presente.

Jogos de Poder: “ Eu Grande Chefe, Você Indiozinho”. Esta tática é usada pela pessoas – em geral, mas nem sempre, o marido – que tem poder sobre o parceiro. O poder se apresenta sob a forma de dinheiro, da melhor aparência ou mesmo de saber que o cônjuge gosta tanto (ou depende tanto) dele que vai preferir aceitar seus abusos em vez de correr o risco de perdê-lo. O cônjuge que usa esta abordagem é o chefe e não há discussão nem colaboração. O grande chefe pode estar muito feliz com sua abordagem, porque de modo geral consegue fazer as coisas à sua maneira. Mas é bom que tome cuidado: o indiozinho provavelmente está acumulando tensão. (p. 38)

Desqualificação do Adversário: Quando cada cônjuge desmerece a rotina e o trabalho do outro.

Recrutando Aliados: Atribuir uma dada posição a terceiros ou a membros da família, dividindo opiniões e recrutando aliados. (p. 39)

As Ciladas das Brigas: Guerra Fria

            Na Guerra Fria, os parceiros ainda promovem a escalada dos conflitos, mas agora o fazem de maneira mais sutil, menos aberta. Lembre-se de que a Guerra Fria também alimenta o conflito conjugal constante. (p. 39)

Atribuição de Culpa: Responsabilizar o cônjuge por quaisquer comportamento inadequado que venha a emitir.

Greve Geral: Ignorar as intervenções e mesmo a presença do outro.

Recusa: Para exprimir sua raiva, a pessoa que recusa não cede, consciente ou inconscientemente, aquilo que o outro cônjuge pede ou quer. (p. 39)

Sabotagem Silenciosa: Esta cilada é uma combinação da greve verbal e da recusa. A pessoa, em vez de exprimir verbalmente a raiva, se vinga silenciosa e indiretamente.

Eu não disse? Acusar o cônjuge por equívocos que contrariaram os conselhos e/ou advertências dadas anteriormente.

Sarcasmo: Em casamentos com problemas, o sarcasmo costuma tomar a forma de uma declaração que comunica uma concordância que na realidade não existe.

Tocaia: Este comportamento é o da pessoa que fica na sombra esperando a hora de um ataque de surpresa ou de cair em cima do cônjuge quando ele está mais fraco.

Indiretas: Nesta cilada, o cônjuge não diz diretamente ao outro por que está irritado. Ele espera que estejam em público e faz então observações maldosas alusivas a algum problema.

Reclamar, Queixar-se, Lamentar-se: Os Três Patetas: As mulheres têm particular inclinação para expressar sua raiva de modo indireto, recorrendo a esses comportamentos que não requerem explicação. Trata-se de Ciladas particularmente perigosas porque sempre provocam o retraimento do marido. (p. 41)

Táticas Incorretas de “Resolução de Conflitos”

            Agora que foram apontados as várias Ciladas das Brigas, vamos identificar mais alguns pontos de tensão no caminho para a harmonia conjugal. Os impasses na resolução dos conflitos podem se dever a obstáculos universais, ao tipo de casal e a obstáculos individuais – as táticas incorretas de resolução de conflitos de um dos cônjuges ou dois.

O principal obstáculo universal à resolução é a ativação do SNA. Assim, quando seu cônjuge parecer não querer colaborar com você, verifique a pulsação ou as têmporas dele; se a autodefesa dele parou de funcionar, você abe que a ativação do SNA começou. E se a ativação do SNA estiver no seu nível máximo, você tem de esperar para discutir as coisas. Nenhum homem pode sentar-se para tratar de um conflito sem que o seu nível de ativação tenha diminuído.  Outros obstáculos universais são apresentados a seguir: (p. 41)

Velhas Cicatrizes

As Velhas Cicatrizes interferem na resolução dos conflitos:

Quando as Velhas Cicatrizes da mulher são ativadas pelo comportamento do marido, sobrevém a ela uma grande perturbação emocional que vai desencadear no marido a ativação do SNA. Da mesma maneira, as Velhas Cicatrizes não-curadas do marido provavelmente interferirão na sua capacidade de negociar com a esposa. Isso, por sua vez, vai deixa-la irritada e provocará nele a ativação do SNA.

Efeito Gangorra

Se a ativação do SNA e as Velhas Cicatrizes não estiverem causando a recusa do seu parceiro em colaborar ou negociar, é bem provável que esteja em ação o Efeito Gangorra. Acredita-se que, quando apaixonado, o homem move montanhas para manter esse amor. Contudo, por mais que o homem ame você, o amor e o poder se acham articulados mais ou menos como os assentos de uma gangorra. Quando o pode está em cima, a propensão a colaborar costuma estar embaixo. Isso leva àquilo que denominei o Jogo do Poder Masculino.

O Jogo do Poder Masculino:

A Recusa de Negociar

            Quando há disparidade de poder, este desequilíbrio interfere no potencial de Negociação. Pense em termos dos negócios. Sempre que vão à mesa de negociações, duas ou mais partes envolvidas têm – se desejam que a negociação tenha sucesso, isto é, deixe todas as partes satisfeitas – de estar em igualdade de poder ou de recursos. Sem igualdade, uma parte é invariavelmente esmagada. (p. 42)

O Jogo do Poder Feminino:

A Manipulação

            Quando os maridos abusam do próprio poder, é comum que as mulheres recorram ao único jogo de poder que conhecem: a manipulação. A meta inconsciente ainda é ganhar, mas se exprime de maneira sutil, em vez de abertamente agressiva. As cartas do baralho podem ser jogadas sozinhas ou em conjunto: gastar dinheiro para se vingar; recusar sexo; ameaçar abandoná-lo, flertar com outros homens, reduzir as demonstrações de amor e/ou fazer que o marido se sinta culpado. Com o tempo, o cônjuge manipulado se irrita e a raiva provoca a ativação do SNA, coloca-o na defensiva e faz que ele se retraia. Em suma, não pode haver negociações saudáveis quando o parceiro está na defensiva ou simplesmente ausente. (p. 42)

Período de Licença:

Saber quando NÃO negociar

                        Muitos manuais de casamento e muitos terapeutas conjugais se apressam a aconselhar os casais problemáticos a negociar, por ser a negociação um processo estruturado que produz resultados observáveis (quando é bem-sucedida). (p.121)

Riscos da negociação:

– A negociação ajuda a evitar sentimentos: (…) as emoções podem ser desagradáveis, parecendo assim mais fácil negociar um contrato – um acordo que esboce mudanças comportamentais – e ficar bem longe de mares emocionalmente encapelados. A curto prazo, todos se sentem melhor com isso; mas no longo prazo a maré das emoções voltará com violência bem maior. (p. 121)

Essa situação se deve ao fato de que foram negociadas as questões patentes, em quanto as emoções de base continuam a fervilhar sob a superfície. E quando isso acontecer, as negociações que se fizerem darão em nada e você vai se sentir com mais raiva ainda. (p.121)

Existem outros motivos pelos quais as negociações fracassam: você pode estar negociando coisas inegociáveis. Há três tipos de questões inegociáveis: as violações das Leis Conjugais; os Estados Emocionais; e os Conflitos de Valores.

 Violações das Leis Conjugais

           Há requisitos básicos a serem cumpridos para que um casamento sobreviva, e seja o que os cônjuges pensem ou digam, sem o atendimento desse requisitos, não há casamento. Eis uma lista dessas violações. (p. 121)

– Linguagem degradante, palavrões menosprezo

– Maus-tratos físicos do cônjuge ou dos filhos

– Abusos sexuais (estupro conjugal, abuso sexual dos filhos)

– Infidelidade (a não ser que os parceiros tenham concordado em ter um casamento aberto)

– Gastos perdulários ou jogos de azar que ponham em risco o bem-estar da família ou prevaleçam sobre as necessidades dos cônjuges

– Recusa a discutir e a chegar a acordos a respeito de práticas de educação dos filhos

– Recusa a trabalhar (no emprego ou em casa) e a ajudar equitativamente no sustento da família

– Recusa sistemática a considerar sentimentos do cônjuge, bem como a se esforçar para compreendê-los (por exemplo: “É assim e pronto. Se você não gosta, a porta está sempre aberta.”) (p. 122)

 

Estados Emocionais

            Embora você possa negociar comportamentos advindos do comportamento incômodo do seu companheiro não podem ser negociados nem afastados por meio de alguma troca. Logo, quando se vir diante de seus próprios estados emocionais, a melhor maneira de agir é revelar seus sentimentos e conseguir que seu parceiro os escute e compreenda.

Quando envolve sentimentos, dificilmente há espaço para negociações. É necessário afastar o foco das ações e aprender a falar dos próprios sentimentos.

Ainda que estados emocionais não possam ser negociados, pode ser útil o fazer uso do que recebe o nome de Contrato de Interpretação (p. 124):

Trata-se de um contrato oral que se concentra nas circunstâncias que podem dar ensejo ao surgimento de emoções fortes e/ou na cooperação com o seu cônjuge no sentido de evitar reações emocionais particularmente intensas. Com esse tipo de contrato, um cônjuge tem garantido a si o direito de assinalar – sem recriminações – comportamentos perturbadores ou que causem mágoa quando eles ocorrem, ou então chamar do outro antes que uma reação habitual deste tenha a oportunidade de ocorrer. (p. 124)

Ao decidir firmar um Contrato de Interpretação, há dois aspectos que não podem ser esquecidos:

  • Você precisa se assegurar de que seu parceiro consente em ter indicadas suas fraquezas. Sem o consentimento dele, você corre o risco de ofendê-lo , o que apenas vai desencadear a ativação do SNA, recomeçando tudo outra vez;
  • Quando alertar o seu marido, você terá de fazê-lo num tom amoroso. Ele tem de captar o sentimento de que vocês estão resolvendo o problema como uma equipe. Se, a qualquer momento, o seu parceiro se sentir zombado ou diminuído, esta técnica se mostrará ineficaz e até improdutiva.

Conflitos de Valores: Não-Negociáveis

Os Conflitos de Valores são o terceiro tipo de questões inegociáveis. Quando falo de valores, refiro-me a crenças, gostos, preferências, etc. de cunho religioso, cultural ou político. Esses valores compõem o núcleo essencial do indivíduo e não são objeto de negociação.

Há muito a dizer em favor da homogamia – ou semelhança – de valores no casamento. Na realidade, a homogamia tem uma correlação direta com a satisfação conjugal: quando ela existe, há pouco atrito, visto que o casal vê as coisas da mesma maneira. Casais que são menos homógamos, mas ainda assim se dão bem, aprenderam ou a aceitar   as diferenças um do outro ou a se manter a distância de tópicos conflituosos. (p. 125)

Hábitos também podem tornar-se inegociáveis, quando estão imbuídos em valores. O que se pode fazer com relação a isso?

Como os valores são parte integrante da estrutura do ser humano, você não pode pedir a alguém que negocie parte da identidade dele, assim como não se pode pedir isso a você.

Exigir que o cônjuge altere um comportamento baseado em valores equivale a pedir-lhe que cometa um suicídio psicológico. E, mais do que isso, a expectativa de que alguém desista de um comportamento com essas características é o mesmo que a afirmação de que o valor da outra pessoa está errado e que o seu é certo. Este tipo de julgamento qualitativo não se aplica a valores. Os valores podem entrar em conflito entre si, mas não é possível rotulá-los como certos ou errados. (p. 126)

Assim sendo, como você pode tratar de um conflito de valores? Você tem três opções:

  • Pergunte a si mesma: “Eu quero de fato entrar numa batalha por causa desse hábito vinculado a valores?” Essa pergunta pode leva-la a simplesmente aceitar as diferenças entre vocês;
  • Você pode tratar do conflito de valores como se fosse uma questão emocional ouvindo os pontos de vista que você e o seu parceiro têm a respeito, sem tentar promover um no outro uma mudança de comportamento; e,
  • Como resultado da mútua compreensão e do respeito dos valores um do outro, vocês podem decidir negociar uma resolução aceitável para os dois, uma solução em que os valores de ambos sejam respeitados. (p. 126)

Quando se vir diante de hábitos que a incomodam, uma atitude sábia   seria você perguntar a si mesma: “Este hábito está dirigido contra mim?” Como as mulheres são propensas a uma excessiva personalização, você precisa ter cuidado com a tendência de supor erroneamente que o seu cônjuge mantém um hábito a fim de irritar, provocar ou desafiar você intencionalmente. Pergunte a si mesma: “Será que o meu companheiro ainda teria esse hábito irritante se vivesse sozinho? Ele por acaso agia assim antes de e entrar em cena?” É muito comum que, ao examinar a questão com neutralidade, você se dê conta de que o hábito não se dirige contra você. Isso pode ajudá-la a não se incomodar com o hábito em questão. (p.126)

Tome cuidado com a Tendência a Negociar o

Conteúdo Declarado do Conflito esquecendo das emoções subjacentes

            Muitos casais em aconselhamento matrimonial são orientados a negociar os assuntos declarados de conflito; mas os contratos resultantes dessas negociações de modo geral não funcionam porque os casais nunca tratam do seu verdadeiro conflito – isto é, dos sentimentos que estão na base do objeto declarado de discórdia. Como as emoções podem ser muito dolorosas, é comum que a mente se afaste dos sentimentos e se concentre, em vez disso, nos comportamentos. (p.127)

Espero que você agora compreenda o porquê de as emoções que estão na base dos seus objetos de conflito terem de ser tratadas antes mesmo de você poder pensar em negociar. É contudo neste ponto que as coisas ficam um tanto complicadas. Sob os sentimentos de que temos consciência espreitam sentimento ainda mais profundos que não podemos não conhecer. E se quiser resolver os seus conflitos, você vai precisar ir além da camada emocional superficial e entrar em contato com aquilo que eu chamo de Núcleo Emocional – a parte mais profunda de você mesma. Se não trouxer à consciência os seus sentimentos nucleares, você terá poucas esperanças de resolver seus conflitos.

Para auxiliar neste processo de percepção de sentimentos nucleares, serão apresentadas algumas situações que costumam se manifestar no casamento:

Onde você estava? Com quem você estava? Pode esconder um temor nuclear de abandono

Você sempre dá razão a ele/ela e não a mim! Sentimento declarado é o de raiva, mas o sentimento nuclear provavelmente é a mágoa e uma sensação de que a pessoa foi traída;

Você não me dá dinheiro suficiente Devido a avareza, ao gasto exclusivo consigo ou com seu passatempos. Reação declarada é, provavelmente, a raiva por não ser levada em consideração. Seu bolso pode estar vazio, mas o seu coração está mais vazio ainda. E o seu sentimento nuclear é de não ser amada;

Você está afundando o nosso barco financeiro Negligência financeira do parceiro pode provocar raiva e sentimento de ultraje, impotência, sensação de estar fora de controle, abandonada e traída, mas a sensação nuclear nesse caso é o terror com relação à própria vida (p. 128);

Não temos relações sexuais suficientes (ou o tipo correto de relação sexual) A reação declarada costuma ser mágoa e raiva. Um sentimento de rejeição costuma estar na base disso; e, num nível ainda mais profundo, pode estar o sentimento de carência de amor;

Você é fechado comigo Quando sente que o seu parceiro (a) se afasta emocionalmente de você, a reação de superfície costuma ser a irritação, o sentimento de solidão e mágoa. E, sob esses sentimentos, pode estar um sentimento de nuclear de insegurança ou o medo do abandono;

Querida, passe-me a cerveja e se afaste para eu ver a televisão Cônjuge que se nega a ajudar nas tarefas de casa e/ou no cuidado dos filhos, é bem provável que você se sinta usada e irritada. No nível nuclear, você pode se sentir explorada e desvalorizada;

Você não passa tempo suficiente comigo e/ou com as crianças Quando o cônjuge dedica-se mais aos seus próprios interesses, você se sente magoada e irritada no nível da superfície. No nível emocional nuclear, você provavelmente se sente rejeitada e desvalorizada;

Você não diz que me ama Se se sente privada de afeto verbal, é provável que você sinta mágoa e raiva no nível emocional patente. Mas esse problema pode esconder um sentimento ainda mais profundo de desvalorização;

Aonde foram parar o vinho e as rosas? Se o seu marido eliminou da vida de vocês o romance, é provável que se sinta magoada e negligenciada e tenha raiva. Porém, no seu núcleo, você provavelmente se sente não amada, indesejada, bem como desvalorizada;

Você não é meu pai Quando seu cônjuge é controlador, você provavelmente vai perceber que se sente irritada e com vontade de desafiá-lo. No nível nuclear, você, na verdade, pode se sentir fora de lugar e desvalorizada. (p. 129)

Advertências sobre efetivar negociações desconectadas dos sentimentos

            Quando você examina seu próprio íntimo e entra em contato com as suas emoções mais profundas e as comunica para seu cônjuge, costuma ocorrer na pessoa uma mudança espontânea: diante do seu núcleo emocional, são despertados naturalmente os próprios sentimentos de amor, de empatia e de carinho. Então, ocorre um de dois desfechos: ou ele muda o comportamento espontaneamente ou se mostra mais disposto a negociar uma mudança. (p. 130)

É por esse motivo que empenhar-se numa negociação antes de o seu parceiro compreender a significação emocional que um dado tópico tem para você leva a resultados desprezíveis. Sem essa compreensão, seu pedido de mudança de comportamento vai fazer seu cônjuge sentir-se ressentido, como se estivesse sendo forçado a ceder simplesmente porque o outro deseja que o faça. (p. 130)

O Tratado de Paz: Como negociar um Contrato

            Você se acha agora em condições de aprender a negociar um contrato. O segredo da obtenção de um resultado positivo reside na maneira pela qual você apresenta o assunto que é o objeto de conflito.

Por que eu tenho que fazer todo trabalho?

            Muitas mulheres não se recusam a iniciar discussões acerca de conflitos desde que as questões levantadas sejam apresentadas de forma destrutiva, como culpar, se queixar, criticar, etc.; mas elas costumam recuar quando se pede que sejam positivas e construtivas.

Você pode se sentir contrariada, mas tem de encarar os fatos:

As mulheres são as vigilantes do relacionamento, o que significa que são elas que percebem os problemas conjugais; somos as supervisoras e mantenedoras do relacionamento. Dessa forma, como pode o seu marido iniciar uma discussão acerca de um problema de que ele não se dá conta?

            Você pode continuar fazer o que vem fazendo ou pode fazer aquilo que produz resultados. A escolha é sua. Se você deseja chegar a uma resolução, o passo seguinte é aprender a apresentar os seus problemas para discussão de uma maneira construtiva. (p.131)

  • Primeiros Movimentos

Iniciemos pelos seus sentimentos.

  • Identificar a Velha Cicatriz
  • Identificar as suas Ciladas de Brigas
  • Drenagem da Raiva Bruta
  • Escavando em Busca do Amor
  • O Quebra Gelo
  • A Frase Preparatória

 

A Declaração do Problema

Considerações Fundamentais

  • O Confronto Positivo

A declaração de um problema é um confronto. O descontrole emocional nunca produz bons resultados e é sempre prejudicial ao relacionamento. Por conseguinte, lembre-se de que este não é o momento para o desafogo emocional. Você já deve ter drenado o excesso de seus sentimentos, e, caso não o tenha feito, eu desaconselho tratar de seu conflito.

É a maneira como você introduz o confronto que instaura o clima adequado e determina se as suas negociações vão ou não avançar. (p. 135)

  • Não diga nada

O seu objetivo é apresentar o que a incomoda e descrever, não expressar, a sua reação emocional. Quanto mais calma e controlada você for, tanto maior a probabilidade de você ter uma discussão bem-sucedida. (p. 135)

  • Um assunto de cada vez

O segredo está em não sobrecarregar seu cônjuge apresentando mais de uma questão. Cuidado com a Cilada das Brigas do tipo “Lata de Lixo”. (p. 136)

  • Não reaja imediatamente

Como observação final, não se deve reagir imediatamente quando for ofendida. É preciso averiguar se está preparada para discutir o conflito e se realizou todos os passos ao Auto exame.

Portanto, enquanto você não alcançar a proficiência na resolução dos próprios conflitos, evite confrontos. (p.136)

 

Criando a sua “Declaração do Problema”

  • A Aceitação de Credenciais

Ela garante que o seu companheiro fique do seu lado, mesmo durante um confronto. Ela protege a psique dele para tornar desnecessárias medidas de proteção como desculpas, defensividade e negação. Quando o ego do seu parceiro recebe um revestimento isolante, ele fica disposto a ouvir seu problema. (p.136)

Exemplos de Aceitação de Credenciais:

“Eu sei que você não queria me magoar (ou irritar)

“Estou certa de que você não pretendia causar transtorno”

“Eu sei que você me ama (e às crianças) e não quer magoar os meus (nossos) sentimentos”

Sentindo que você não o estáacusando, ele já não precisa mais se defender.

  • Apresentação do seu problema: A fórmula X, Y

A maneira adequada de apresentar o seu problema consiste em usar a Fórmula X, Y, que se compõe da descrição do comportamento incômodo do seu parceiro e da afirmação de como comportamento faz você se sentir: Quando você faz X, eu sinto Y.

Observei que eu lhe avisei para se concentrar no comportamento que a deixa irritada. Concentrando-se no comportamento de seu marido, em vez de na pessoa dele. (p. 137)

          Evite a palavra “você”:

Quando ouve “Você fez x, y ou z”, o cônjuge frágil sente que há um dedo sendo apontado para o seu ego, e você sabe o que isto significa.  Você pode tirar o ego dele da linha de tiro reorganizando a Fórmula X, Y de modo a não dizer de maneira alguma a palavra Você”. Por exemplo: Sinto x…quando ocorre isso ou aquilo” ou “Sinto x…quando me dizem (ou me fazem) isso e aquilo”. (p. 138)

  • Agora prepare a sugestão para o futuro

A Declaração do Problema só estará completa quando você adicionar a Sugestão para o Futuro.

A sua Sugestão para o Futuro apela ao lado concreto, orientado para a meta, do homem, o lado que diz: “Diga-me o que é para fazer e eu farei”

Para que sua Declaração do Problema seja eficaz, você vai precisar falar mais à maneira masculina e dizer diretamente qual mudança de comportamento você quer que ocorra. (p. 138)

Forme um “Todo” com os passos anteriores

      Quando todos esses passos estiverem moldados de modo a formar uma totalidade, a maneira pela qual você vai apresentar o seu problema ao seu parceiro seguirá mais ou menos o roteiro abaixo:

  • Quebra-Gelo: “Querido, você tem algum tempo para falar comigo? (Resposta: Sim)
  • Frase Preparatória: “Sei que você tem se esforaçado muito em trabalhar comigo na resolução dos nossos confitos e que ro dizer que seu empenho me agrada muito.”
  • A Aceitação de Credenciais: “Sei que você não percebeu que eu ia ficar contrariada, mas…”
  • Apresentação do seu problema: a Fórmula X, Y “Quando me acontece x (evite a palavra você), eu sinto y”

Você pode inverter a ordem e falar primeiro do que sente, descrevendo depois o comportamento.

  • Acrescente a Sugestão para o Futuro “Mas, no futuro, eu me sentiria muito feliz se você fizesse ou dissesse x”

Talvez pareça artificial e pouco espontâneo planejar o que vai dizer. Essa avaliação é correta. Mas é preciso que você se envolva com esse processo incômodo e o pratique, porque ele protege da tendência a disparar a falar antes de avaliar o efeito que podem ter suas palavras. (p.139)

 

Mudança de Posição:

Torne-se Supervisora da Discussão

Tendo formulado a Declaração do Problema, esteja preparada para fazer uma mudança de papéis imediata, de 180 graus, passando de parte que confronta a supervisora de discussão. Tenha em mente que mesmo fazendo uma perfeita Declaração de Problema, a sua discussão ainda pode se desencaminhar. A tarefa de supervisora consiste em manter o dedo no pulso emocional do seu companheiro, atenta para sinais de ativação do SNA, e garantir que a sua discussão não saia dos trilhos. (p.141)

Como resolver um Impasse Comum nas Negociações

As Contrapropostas Intermináveis

 Quando negociam, os casais muitas vezes caem numa teia de contrapropostas (A Síndrome do eu proponho x, então você propõe y.)

Diante dessa ocorrência, parece impossível “fechar” um acordo. As contrapropostas intermináveis surgem quando faltam no seu contrato elementos essenciais. Por exemplo, se o contrato é unilateral, em vez de recíproco, o cônjuge que está sendo levado a aceita-lo resiste a concluir a negociação porque as suas ideias não foram levadas em consideração.

A apresentação interminável de contrapropostas também esconde sentimentos não-verbalizados. Por exemplo, a resistência a fechar o acordo talvez esconda o medo de mudar ou o receio de que produzir reviravolta só piore as coisas no casamento. Esses temores são a fachada de um medo mais profundo, o de ficar desapontado – se chegarmos a um acordo e o meu cônjuge não o cumprir, ficarei magoado.

Sempre que surgem contrapropostas, é bom examinar o que pensa seu companheiro com relação ao significado do impasse. Também é imperativo que os dois usem suas capacidades de escuta para compreender totalmente os sentimentos e objeções relativos a todas as propostas apresentadas. Escutar os sentimentos um do outro costuma ser suficiente para fazer a discussão avançar. (p. 149)

Conclusão

Não é preciso sorte para iniciar esta Jornada, mas empenho, pois sucesso conjugal não é uma questão de sorte. O sucesso no casamento advém da aprendizagem das técnicas simples descritas neste livro e de sua prática na vida cotidiana.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O presente resumo foi realizado a partir da compilação e transcrição literal de trechos do livro Até que a Morte nos separe (A menos que eu te mate antes), de James Turndorf (Cultrix. São Paulo, 2000), no qual a autora propõe um programa de resolução de conflitos, visando romper com o círculo das brigas destrutivas, característico de casais em permanente conflito.

O livro apresenta importantes reflexões acerca do funcionamento inadequado de alguns casais, nos quais mágoas, raivas não-resolvidas e desentendimentos são constantes e impedem a superação de conflitos, conquistadas a partir do uso construtivo de rotas de fuga, as válvulas de escape e as respostas verdadeiras que constituem instrumentos essenciais para a sobrevivência conjugal.

A autora esclarece que apesar de, à princípio o programa estar destinado a ajudar casais casados a resolver as situações de briga crônica, os princípios e técnicas apresentados também a casais não-casados e a parcerias homoafetivas. E enfatiza ainda, que as generalizações masculino/feminino se baseiam em tendências estatísticas, mas exceções nos relacionamentos sociais sempre são possíveis e produtivas. E faz uma ressalva: “Observe que dirigi este livro às mulheres – as “vigilantes do relacionamento” na nossa sociedade. Se você for um leitor do sexo masculino (ou que funcione a partir do princípio masculino), as minhas desculpas, bem como a minha admiração por você ser um tipo especial de homem.” (p. 09)

 

Para compreender a Química das Brigas

           

O retraimento marital, uma reação primitiva de fuga que acontece quando o marido se sente atacado, pelas críticas e cobranças da esposa. E, de acordo com ampla pesquisas, o retraimento marital é a principal caus dos conflitos conjugais e dos divórcios. (p.16)

Essa reação é provocada entre duas modalidades incompatíveis de tratar o conflito: a da mulher, que exprime intensamente sua mágoa e sua raiva, e a do marido, que foge do confronto. O nome técnico desse fenômeno é Círculo da Escalada Negativa da Exigência/Retraimento.

            De acordo com as pesquisas de J. M. Gottman e de R. W. Levenson, o retraimento marital é causado por um desequilíbrio químico que se manifesta quando o homem se sente ameaçado. Quando isso acontece, o sistema nervoso autônomo (SNA) do homem é ativado num alto nível. Suas glândulas supra-renais começam a bombear adrenalina, seu coração acelera, seus músculos ficam tensos. Trata-se das manifestações fisiológicas da ativação do SNA; são automáticas, pois ocorrem sem a mediação do pensamento. (p. 16)

Quando ocorre a ativação do S.N.A., desencadeia-se a resposta de “lutar ou fugir”, herança dos instintos primitivos de sobrevivência. Como veio esse mecanismo a fazer parte da forma mais comum de conflito conjugal – o Círculo da Exigência/Retraimento?

            Quando a mulher critica e hostiliza o marido, o homem moderno se vê diante do mesmo dilema que seus ancestrais primitivos tiveram de enfrentar: combater o inimigo ou fugir. Como o marido não quer atacar a esposa  zangada (lutar), seu corpo envia sinais que fazem que ele fuja, se retraia.

Os comportamentos de retraimento se mostram em termos físicos, verbais e psíquicos. São exemplos de fuga física, sair de casa ou do cômodo em que está e/ou evitar contato com a parceira; a fuga verbal envolve desculpas, a justificação ou a negação da responsabilidade, o ataque verbal ou a resposta com uma acusação com outra; e a fuga psíquica, que ocorre quando a mente se retira, inclui não ouvir (surdez funcional), ficar sem expressão facial, ficar em silêncio ou evitar olhar para a mulher. (p. 17)

Desconhecendo que as reações de fuga do marido resultam dessa programação, a mulher vai ficando cada mais irritada porque ele parece não se importar com ela e, sem o desejar, desencadeia no marido ainda mais alarmes biológicos de emergência. Quanto mais ele foge, tanto mais brava ela fica, e dentro de muito pouco tempo as brigas conjugais se tornam crônicas. (p. 17)

Para piorar, quando a ativação do SNA está no seu nível máximo, sobrevém outra reação fisiológica que intensifica ainda mais o conflito conjugal: há uma redução das funções cognitivas masculinas, o que significa que razão e lógica deixam de existir. Logo, o que se deve ter em mente é que, em todos os casamentos atingidos pelo conflito crônico, a ativação residual do SNA e a interrupção crônica do funcionamento cognitivo alimentam a continuidade da discórdia. (p. 18)

 

 

O Campo da Batalha Conjugal:

Avalie e perceba suas Brigas

            Quais os motivos mais comuns de conflitos? Ao ler a relação a seguir, lembre-se de que se trata de um panorama superficial que nada tem de definitivo. É preciso ainda saber que as queixas conjugais de modo geral são feitas pelas mulheres – o que explica o fato de a pessoa queixosa nos exemplos a seguir ser em geral uma mulher. (p. 21)

 

Conflitos afetivos

Desacordos com respeito à frequência das demonstrações de afeto (os abraços, os beijos, o uso das palavras carinhosos, o romantismo, etc) Um dos cônjuges deseja mais demonstrações de cunho emocional do que o ouro se dispõe a dar. (p. 22)

Conflitos sexuais

Conflitos acerca da maneira, da frequência, da técnica, etc. As discussões relativas a “quando”, “onde”, “como”, “quanto”. (p. 22)

Questões íntimas

            Desacordos quanto ao grau de proximidade/distância emocional e/ou física no relacionamento. Um parceiro que passar mais tempo longe do que o outro. Um dos cônjuges nunca dá atenção aos sentimentos do outro ou passa pouco tempo em casa e/ou as crianças. Um dos companheiros nunca comunica ao outro seus sentimentos íntimos. (p. 22)

Discussões por Causa do Lazer

Discordâncias sobre o tempo a ser dedicado a atividade de lazer. Desacordos sobre os tipos de atividade a realizar e sobre a participação ou não do outro cônjuge. (p. 22)

Brigas por Causa do Ciúme

Sempre que um dos parceiros dá atenção a alguém, o outro se mostra loucamente ciumento. O parceiro ciumento costuma pensar que o outro está flertando com esse alguém (mesmo quando isso não é verdade) (p. 23)

Discussões por Causa de Tarefas Domésticas

Desacordos quanto à desigualdade na divisão de tarefas decorrentes da sensação de um dos parceiros de que lhe cabe uma parcela desproporcional das responsabilidades de um dos parceiros de que lhe cabe uma parcela desproporcional das responsabilidades domésticas ou então da recusa de um dos companheiros a ajudar em casa. (p. 23)

 

Discussões por Causa do Não-Cumprimento de Tarefas

Nessas discussões, em geral é a mulher que briga com o marido porque ele não cumpriu as obrigações com que se comprometera.

 

Brigas por Causa da Falta de Iniciativa

            Nesse gênero de discussões, a mulher se irrita porque o marido nem sequer percebe que há várias coisas a fazer – nem parece se importar com isso. (p. 23)

Discussões sobre a Educação dos Filhos

Discordâncias relativas ao grau de tolerância/rigor sensação de que um dos genitores desautoriza o outro, não se empenha em ver cumpridas regras estabelecidas em conjunto ou altera as decisões que o outro tomou. Ressentimento por causa da divisão desigual das responsabilidades na criação dos filhos. (p.24)

Discussões por Causa do Sogro/Sogra

Brigas por razões de lealdade, decorrentes da sensação de um cônjuge de que o outro está sempre do lado dos parentes. Desacordos sobre quanto se deve passar com os parentes. (p. 24)

Brigas por Causa dos Amigos

Desavenças causadas pelo tipo de amigos que se tem; sobre o tempo que se deve passar com os amigos sem o cônjuge, sobre o empo que o casal deve passar com os amigos ou com outros casais. (p.24)

Conflitos de Valores

Discórdias sobre os objetivos de vida, sobre o que é importante na vida; problemas vinculados com valores culturais, religiosos ou sexuais, com o hábito de fumar ou de beber; divergências de gostos ou interesses, incluindo conflitos sobre o comportamento adequado no convívio social. (p. 25)

Discussões por Causa do Egoísmo ou Falta de Cooperação

Um dos parceiros não se dispõe a se empenhar com o outro a fim de descobrir uma solução mutuamente satisfatória para algum conflito. Um parceiro sente que o outro é persistentemente teimoso ou insensível. (p. 25)

Discussões sobre a Mania de Controlar

            Nessas discussões, um dos cônjuges sente-se controlado ou manipulado pelo outro. Um cônjuge que necessita estar no controle costuma se assustar com o ser controlado, Dessa maneira, a pessoa que dirige a outra o faz para evitar que ela mesma seja dominada. (p. 25)

Discussões por Causa e Dinheiro

Discordância por causa de contas a pagar, bem como acerca de quanto deve ser gasto imediatamente. Desavenças por causa dos gastos excessivos de um dos cônjuges, de sua sovinice ou de sua atitude de excessivo controle o que se refere ao dinheiro. (p. 25)

Discussões de Luta pelo Poder

Os parceiros brigam por qualquer questão imaginável e nenhum deles está disposto a ceder. Eles não chegam a nenhum acordo e logo se parecem com cães brigando pelo mesmo osso. O filme A Guerra dos Roses descreve uma luta pelo poder que termina em morte. Lembre-se de que, mesmo que um parceiro consiga prevalecer, os dois perdem quando as lutas pelo poder assumem o controle do casamento. (p. 26)

Discussões por Causa do Fechamento do Outro

Neste tipo de discussões, em geral é a mulher que se queixa de que o marido não se abre com ela. (p. 26)

Discussões porque “Você nunca me ouve”

Este tipo de discussões é um problema conjugal comum. E, mais uma vez, é a mulher que costuma se queixar sobre o fato de o parceiro não dar importância às suas necessidades emocionais. (p. 26)

Conflito versus Briga

É preciso fazer uma distinção entre conflito e briga. Apesar do fato de os dois diferirem, é comum que as mesmas palavras se façam presentes. Sempre que as necessidades e desejos de alguém se vêem prejudicados, ocorre um estado de conflito. Se o conflito não for resolvido amigavelmente, surge a raiva. É a maneira de a pessoa tratar a raiva que determina se um conflito vai ou não se tornar uma briga.

A maioria dos casais infelizes não sabe como transformar sentimentos de raiva em comunicação construtiva. Transformam a raiva em atos e palavras e ações hostis (palavrões, sarcasmos, ameaças e insultos). Raiva produz mais raiva. (p. 27)

Se transformar raiva em atos não funciona, o que dizer de expressa sentimentos de raiva em palavra?

Emoções brutas, de raiva, nunca devem ser lançadas em sua forma pura sobre o parceiro. Torna-se útil o uso da imagem de uma peneira e antes de discutir com o seu parceiro o que incomoda, é preciso filtrar as emoções brutas. Aquilo que permanece na peneira deve ser mantido para você mesma, somente o que passa pela peneira do seu intelecto é adequado ao consumo humano. (p. 28)

É essencial aprender a gerenciar suas emoções brutas e a transformá-las em comunicações construtivas que sejam úteis a você, ao parceiro e ao relacionamento. O segredo é o seguinte: o casamento é feito ou desfeito pela maneira como a pessoa trata a raiva. (p.29)

 

O Hábito de Brigar

            Para alguns casais, a briga fora de controle é justo o que eles inconscientemente desejam manter. Por mais incômoda que seja abriga, a perspectiva de não brigar pode ser ainda pior. Por exemplo, a briga crônica pode evitar outros sentimentos que seriam terríveis demais para um dos parceiros ou para os dois. Viciar-se na briga é aquilo que os psicólogos designam por hábito de brigar.

            Como acontece com qualquer vício, tentar livrar-se do hábito pode fazer a pessoa se sentir pior antes que haja melhora.

 

 

O Respeito aos Limites:

Eliminar as Ciladas das Brigas e as Táticas Incorretas de Resolução de Conflitos

 

As Ciladas das Brigas e as Táticas Incorretas de Resolução de Conflitos, mantém os casais presos no vórtice das brigas e é preciso ter certeza de que os cônjuges estão dispostos a renunciar a elas.

Nós, humanoides, somos criaturas de hábitos, com uma permanente batalha sendo travada no íntimo de cada um de nós: num nível, queremos seguir em frente e, no outro, queremos manter tudo como está.  (p. 33)

Há duas categorias de Ciladas que os casais podem incorrer nas Brigas constantes. Por mais “normais” que elas possam parecer, lembre-se de que as ciladas não são nem normais e saudáveis. Todas elas mantém e agravam o conflito conjugal, deixando os cônjuges em luta permanente. Para sair destas armadilhas, é necessário identificar as Ciladas das Brigas para poder acabar com elas: Guerra Declarada e Guerra Fria. (p. 35)

As Ciladas das Brigas: Guerra Declarada

Contra-ataques

Em casamentos perturbados, é raro que os parceiros escutem o que o outro diz, e eles não perdem a oportunidade de atribuir a culpa aos outros. O contra-ataque acirra o conflito e impede a resolução.

Ataques Verbais

O Ataque Verbal leva a respostas defensivas e a contra-ataques verbais. (p. 36)

Contagem de Pontos

Assassínio da Personalidade

            Designações ofensivas, insultos, humilhações.

Generalização

                        “Você Sempre”/”Você nunca”

Lata de Lixo

Trata-se de jogar numa discussão tudo o que está incomodando algum dos parceiros.

Jogando Lenha na Fogueira

Quando usam esta armadilha, os casais fazem comentários inflamáveis que sabem que vão irritar o cônjuge. Isso é conhecido popularmente como “pisar nos calos”.

Jogo Sujo ou Golpe Baixo

Nesta Cilada, a pessoa que está irritada usa informações fora de contexto para dar um golpe baixo. (p. 37)

História Antiga

Quando um cônjuge traz à tona algo que seu parceiro/sua parceira disse ou fez no passado recente ou remoto, chamo isso de Cilada da História Antiga. (P. 38)

Explosões

Quando irritado, o parceiro explosivo perde o controle – grita, reclama, xinga e pode até tornar-se abusivo verbal ou fisicamente. Esse comportamento causa no cônjuge vitimado dois efeitos: ou ele se torna um “capacho” ou revida. Neste último caso, é comum que a violência física venha em seguida. Requer-se ajuda profissional quando o comportamento explosivo está presente.

Jogos de Poder:

“ Eu Grande Chefe, Você Indiozinho”

            Esta tática é usada pela pessoas – em geral, mas nem sempre, o marido – que tem poder sobre o parceiro. O poder se apresenta sob a forma de dinheiro, da melhor aparência ou mesmo de saber que o cônjuge gosta tanto (ou depende tanto) dele que vai preferir aceitar seus abusos em vez de correr o risco de perdê-lo. O cônjuge que usa esta abordagem é o chefe e não há discussão nem colaboração. O grande chefe pode estar muito feliz com sua abordagem, porque de modo geral consegue fazer as coisas à sua maneira. Mas é bom que tome cuidado: o indiozinho provavelmente está acumulando tensão. (p. 38)

Desqualificação do Adversário

            Quando cada cônjuge desmerece a rotina e o trabalho do outro.

Recrutando Aliados

Atribuir uma dada posição a terceiros ou a membros da família, dividindo opiniões e recrutando aliados. (p. 39)

As Ciladas das Brigas: Guerra Fria

Na Guerra Fria, os parceiros ainda promovem a escalada dos conflitos, mas agora o fazem de maneira mais sutil, menos aberta. Lembre-se de que a Guerra Fria também alimenta o conflito conjugal constante. (p. 39)

Atribuição de Culpa

            Responsabilizar o cônjuge por quaisquer comportamento inadequado que venha a emitir.

Greve Verbal

Ignorar as intervenções e mesmo a presença do outro.

Recusa

Para exprimir sua raiva, a pessoa que recusa não cede, consciente ou inconscientemente, aquilo que o outro cônjuge pede ou quer. (p. 39)

Sabotagem Silenciosa

Esta cilada é uma combinação da greve verbal e da recusa. A pessoa, em vez de exprimir verbalmente a raiva, se vinga silenciosa e indiretamente.

Eu não disse?

Acusar o cônjuge por equívocos que contrariaram os conselhos e/ou advertências dadas anteriormente.

Sarcasmo

Em casamentos com problemas, o sarcasmo costuma tomar a forma de uma declaração que comunica uma concordância que na realidade não existe.

Tocaia

Este comportamento é o da pessoa que fica na sombra esperando a hora de um ataque de surpresa ou de cair em cima do cônjuge quando ele está mais fraco.

Indiretas

Nesta cilada, o cônjuge não diz diretamente ao outro por que está irritado. Ele espera que estejam em público e faz então observações maldosas alusivas a algum problema.

Reclamar, Queixar-se, Lamentar-se: Os Três Patetas

As mulheres têm particular inclinação para expressar sua raiva de modo indireto, recorrendo a esses comportamentos que não requerem explicação. Trata-se de Ciladas particularmente perigosas porque sempre provocam o retraimento do marido. (p. 41)

 

Táticas Incorretas de “Resolução de Conflitos”

            Agora que foram apontados as várias Ciladas das Brigas, vamos identificar mais alguns pontos de tensão no caminho para a harmonia conjugal. Os impasses na resolução dos conflitos podem se dever a obstáculos universais, ao tipo de casal e a obstáculos individuais – as táticas incorretas de resolução de conflitos de um dos cônjuges ou dois.

O principal obstáculo universal à resolução é a ativação do SNA. Assim, quando seu cônjuge parecer não querer colaborar com você, verifique a pulsação ou as têmporas dele; se a autodefesa dele parou de funcionar, você abe que a ativação do SNA começou. E se a ativação do SNA estiver no seu nível máximo, você tem de esperar para discutir as coisas. Nenhum homem pode sentar-se para tratar de um conflito sem que o seu nível de ativação tenha diminuído.  Outros obstáculos universais são apresentados a seguir: (p. 41)

Velhas Cicatrizes

As Velhas Cicatrizes interferem na resolução dos conflitos:

Quando as Velhas Cicatrizes da mulher são ativadas pelo comportamento do marido, sobrevém a ela uma grande perturbação emocional que vai desencadear no marido a ativação do SNA. Da mesma maneira, as Velhas Cicatrizes não-curadas do marido provavelmente interferirão na sua capacidade de negociar com a esposa. Isso, por sua vez, vai deixa-la irritada e provocará nele a ativação do SNA.

Efeito Gangorra

Se a ativação do SNA e as Velhas Cicatrizes não estiverem causando a recusa do seu parceiro em colaborar ou negociar, é bem provável que esteja em ação o Efeito Gangorra. Acredita-se que, quando apaixonado, o homem move montanhas para manter esse amor. Contudo, por mais que o homem ame você, o amor e o poder se acham articulados mais ou menos como os assentos de uma gangorra. Quando o pode está em cima, a propensão a colaborar costuma estar embaixo. Isso leva àquilo que denominei o Jogo do Poder Masculino.

O Jogo do Poder Masculino:

A Recusa de Negociar

Quando há disparidade de poder, este desequilíbrio interfere no potencial de Negociação. Pense em termos dos negócios. Sempre que vão à mesa de negociações, duas ou mais partes envolvidas têm – se desejam que a negociação tenha sucesso, isto é, deixe todas as partes satisfeitas – de estar em igualdade de poder ou de recursos. Sem igualdade, uma parte é invariavelmente esmagada. (p. 42)

O Jogo do Poder Feminino:

A Manipulação

Quando os maridos abusam do próprio poder, é comum que as mulheres recorram ao único jogo de poder que conhecem: a manipulação. A meta inconsciente ainda é ganhar, mas se exprime de maneira sutil, em vez de abertamente agressiva. As cartas do baralho podem ser jogadas sozinhas ou em conjunto: gastar dinheiro para se vingar; recusar sexo; ameaçar abandoná-lo, flertar com outros homens, reduzir as demonstrações de amor e/ou fazer que o marido se sinta culpado. Com o tempo, o cônjuge manipulado se irrita e a raiva provoca a ativação do SNA, coloca-o na defensiva e faz que ele se retraia. Em suma, não pode haver negociações saudáveis quando o parceiro está na defensiva ou simplesmente ausente. (p. 42)

 

 

Período de Licença:

Saber quando NÃO negociar

 

                        Muitos manuais de casamento e muitos terapeutas conjugais se apressam a aconselhar os casais problemáticos a negociar, por ser a negociação um processo estruturado que produz resultados observáveis (quando é bem-sucedida). (p.121)

Riscos da negociação:

– A negociação ajuda a evitar sentimentos: (…) as emoções podem ser desagradáveis, parecendo assim mais fácil negociar um contrato – um acordo que esboce mudanças comportamentais – e ficar bem longe de mares emocionalmente encapelados. A curto prazo, todos se sentem melhor com isso; mas no longo prazo a maré das emoções voltará com violência bem maior. (p. 121)

Essa situação se deve ao fato de que foram negociadas as questões patentes, em quanto as emoções de base continuam a fervilhar sob a superfície. E quando isso acontecer, as negociações que se fizerem darão em nada e você vai se sentir com mais raiva ainda. (p.121)

Existem outros motivos pelos quais as negociações fracassam: você pode estar negociando coisas inegociáveis. Há três tipos de questões inegociáveis: as violações das Leis Conjugais; os Estados Emocionais; e os Conflitos de Valores.

 

Violações das Leis Conjugais

 

Há requisitos básicos a serem cumpridos para que um casamento sobreviva, e seja o que os cônjuges pensem ou digam, sem o atendimento desse requisitos, não há casamento. Eis uma lista dessas violações. (p. 121)

– Linguagem degradante, palavrões menosprezo

– Maus-tratos físicos do cônjuge ou dos filhos

– Abusos sexuais (estupro conjugal, abuso sexual dos filhos)

– Infidelidade (a não ser que os parceiros tenham concordado em ter um casamento aberto)

– Gastos perdulários ou jogos de azar que ponham em risco o bem-estar da família ou prevaleçam sobre as necessidades dos cônjuges

– Recusa a discutir e a chegar a acordos a respeito de práticas de educação dos filhos

– Recusa a trabalhar (no emprego ou em casa) e a ajudar equitativamente no sustento da família

– Recusa sistemática a considerar sentimentos do cônjuge, bem como a se esforçar para compreendê-los (por exemplo: “É assim e pronto. Se você não gosta, a porta está sempre aberta.”) (p. 122)

 

Estados Emocionais

            Embora você possa negociar comportamentos advindos do comportamento incômodo do seu companheiro não podem ser negociados nem afastados por meio de alguma troca. Logo, quando se vir diante de seus próprios estados emocionais, a melhor maneira de agir é revelar seus sentimentos e conseguir que seu parceiro os escute e compreenda.

Quando envolve sentimentos, dificilmente há espaço para negociações. É necessário afastar o foco das ações e aprender a falar dos próprios sentimentos.

Ainda que estados emocionais não possam ser negociados, pode ser útil o fazer uso do que recebe o nome de Contrato de Interpretação (p. 124):

Trata-se de um contrato oral que se concentra nas circunstâncias que podem dar ensejo ao surgimento de emoções fortes e/ou na cooperação com o seu cônjuge no sentido de evitar reações emocionais particularmente intensas. Com esse tipo de contrato, um cônjuge tem garantido a si o direito de assinalar – sem recriminações – comportamentos perturbadores ou que causem mágoa quando eles ocorrem, ou então chamar do outro antes que uma reação habitual deste tenha a oportunidade de ocorrer. (p. 124)

Ao decidir firmar um Contrato de Interpretação, há dois aspectos que não podem ser esquecidos:

  • Você precisa se assegurar de que seu parceiro consente em ter indicadas suas fraquezas. Sem o consentimento dele, você corre o risco de ofendê-lo , o que apenas vai desencadear a ativação do SNA, recomeçando tudo outra vez;
  • Quando alertar o seu marido, você terá de fazê-lo num tom amoroso. Ele tem de captar o sentimento de que vocês estão resolvendo o problema como uma equipe. Se, a qualquer momento, o seu parceiro se sentir zombado ou diminuído, esta técnica se mostrará ineficaz e até improdutiva.

Conflitos de Valores: Não-Negociáveis

 

Os Conflitos de Valores são o terceiro tipo de questões inegociáveis. Quando falo de valores, refiro-me a crenças, gostos, preferências, etc. de cunho religioso, cultural ou político. Esses valores compõem o núcleo essencial do indivíduo e não são objeto de negociação.

Há muito a dizer em favor da homogamia – ou semelhança – de valores no casamento. Na realidade, a homogamia tem uma correlação direta com a satisfação conjugal: quando ela existe, há pouco atrito, visto que o casal vê as coisas da mesma maneira. Casais que são menos homógamos, mas ainda assim se dão bem, aprenderam ou a aceitar   as diferenças um do outro ou a se manter a distância de tópicos conflituosos. (p. 125)

Hábitos também podem tornar-se inegociáveis, quando estão imbuídos em valores. O que se pode fazer com relação a isso?

Como os valores são parte integrante da estrutura do ser humano, você não pode pedir a alguém que negocie parte da identidade dele, assim como não se pode pedir isso a você.

Exigir que o cônjuge altere um comportamento baseado em valores equivale a pedir-lhe que cometa um suicídio psicológico. E, mais do que isso, a expectativa de que alguém desista de um comportamento com essas características é o mesmo que a afirmação de que o valor da outra pessoa está errado e que o seu é certo. Este tipo de julgamento qualitativo não se aplica a valores. Os valores podem entrar em conflito entre si, mas não é possível rotulá-los como certos ou errados. (p. 126)

Assim sendo, como você pode tratar de um conflito de valores? Você tem três opções:

  • Pergunte a si mesma: “Eu quero de fato entrar numa batalha por causa desse hábito vinculado a valores?” Essa pergunta pode leva-la a simplesmente aceitar as diferenças entre vocês;
  • Você pode tratar do conflito de valores como se fosse uma questão emocional ouvindo os pontos de vista que você e o seu parceiro têm a respeito, sem tentar promover um no outro uma mudança de comportamento; e,
  • Como resultado da mútua compreensão e do respeito dos valores um do outro, vocês podem decidir negociar uma resolução aceitável para os dois, uma solução em que os valores de ambos sejam respeitados. (p. 126)

Quando se vir diante de hábitos que a incomodam, uma atitude sábia   seria você perguntar a si mesma: “Este hábito está dirigido contra mim?” Como as mulheres são propensas a uma excessiva personalização, você precisa ter cuidado com a tendência de supor erroneamente que o seu cônjuge mantém um hábito a fim de irritar, provocar ou desafiar você intencionalmente. Pergunte a si mesma: “Será que o meu companheiro ainda teria esse hábito irritante se vivesse sozinho? Ele por acaso agia assim antes de e entrar em cena?” É muito comum que, ao examinar a questão com neutralidade, você se dê conta de que o hábito não se dirige contra você. Isso pode ajudá-la a não se incomodar com o hábito em questão. (p.126)

 

 

Tome cuidado com a Tendência a Negociar o

Conteúdo Declarado do Conflito esquecendo das emoções subjacentes

            Muitos casais em aconselhamento matrimonial são orientados a negociar os assuntos declarados de conflito; mas os contratos resultantes dessas negociações de modo geral não funcionam porque os casais nunca tratam do seu verdadeiro conflito – isto é, dos sentimentos que estão na base do objeto declarado de discórdia. Como as emoções podem ser muito dolorosas, é comum que a mente se afaste dos sentimentos e se concentre, em vez disso, nos comportamentos. (p.127)

Espero que você agora compreenda o porquê de as emoções que estão na base dos seus objetos de conflito terem de ser tratadas antes mesmo de você poder pensar em negociar. É contudo neste ponto que as coisas ficam um tanto complicadas. Sob os sentimentos de que temos consciência espreitam sentimento ainda mais profundos que não podemos não conhecer. E se quiser resolver os seus conflitos, você vai precisar ir além da camada emocional superficial e entrar em contato com aquilo que eu chamo de Núcleo Emocional – a parte mais profunda de você mesma. Se não trouxer à consciência os seus sentimentos nucleares, você terá poucas esperanças de resolver seus conflitos.

Para auxiliar neste processo de percepção de sentimentos nucleares, serão apresentadas algumas situações que costumam se manifestar no casamento:

Onde você estava? Com quem você estava? Pode esconder um temor nuclear de abandono

Você sempre dá razão a ele/ela e não a mim! Sentimento declarado é o de raiva, mas o sentimento nuclear provavelmente é a mágoa e uma sensação de que a pessoa foi traída;

Você não me dá dinheiro suficiente Devido a avareza, ao gasto exclusivo consigo ou com seu passatempos. Reação declarada é, provavelmente, a raiva por não ser levada em consideração. Seu bolso pode estar vazio, mas o seu coração está mais vazio ainda. E o seu sentimento nuclear é de não ser amada;

Você está afundando o nosso barco financeiro Negligência financeira do parceiro pode provocar raiva e sentimento de ultraje, impotência, sensação de estar fora de controle, abandonada e traída, mas a sensação nuclear nesse caso é o terror com relação à própria vida (p. 128);

Não temos relações sexuais suficientes (ou o tipo correto de relação sexual) A reação declarada costuma ser mágoa e raiva. Um sentimento de rejeição costuma estar na base disso; e, num nível ainda mais profundo, pode estar o sentimento de carência de amor;

Você é fechado comigo Quando sente que o seu parceiro (a) se afasta emocionalmente de você, a reação de superfície costuma ser a irritação, o sentimento de solidão e mágoa. E, sob esses sentimentos, pode estar um sentimento de nuclear de insegurança ou o medo do abandono;

Querida, passe-me a cerveja e se afaste para eu ver a televisão Cônjuge que se nega a ajudar nas tarefas de casa e/ou no cuidado dos filhos, é bem provável que você se sinta usada e irritada. No nível nuclear, você pode se sentir explorada e desvalorizada;

Você não passa tempo suficiente comigo e/ou com as crianças Quando o cônjuge dedica-se mais aos seus próprios interesses, você se sente magoada e irritada no nível da superfície. No nível emocional nuclear, você provavelmente se sente rejeitada e desvalorizada;

Você não diz que me ama Se se sente privada de afeto verbal, é provável que você sinta mágoa e raiva no nível emocional patente. Mas esse problema pode esconder um sentimento ainda mais profundo de desvalorização;

Aonde foram parar o vinho e as rosas? Se o seu marido eliminou da vida de vocês o romance, é provável que se sinta magoada e negligenciada e tenha raiva. Porém, no seu núcleo, você provavelmente se sente não amada, indesejada, bem como desvalorizada;

Você não é meu pai Quando seu cônjuge é controlador, você provavelmente vai perceber que se sente irritada e com vontade de desafiá-lo. No nível nuclear, você, na verdade, pode se sentir fora de lugar e desvalorizada. (p. 129)

Advertências sobre efetivar negociações desconectadas dos sentimentos

Quando você examina seu próprio íntimo e entra em contato com as suas emoções mais profundas e as comunica para seu cônjuge, costuma ocorrer na pessoa uma mudança espontânea: diante do seu núcleo emocional, são despertados naturalmente os próprios sentimentos de amor, de empatia e de carinho. Então, ocorre um de dois desfechos: ou ele muda o comportamento espontaneamente ou se mostra mais disposto a negociar uma mudança. (p. 130)

É por esse motivo que empenhar-se numa negociação antes de o seu parceiro compreender a significação emocional que um dado tópico tem para você leva a resultados desprezíveis. Sem essa compreensão, seu pedido de mudança de comportamento vai fazer seu cônjuge sentir-se ressentido, como se estivesse sendo forçado a ceder simplesmente porque o outro deseja que o faça. (p. 130)

 

O Tratado de Paz: Como negociar um Contrato

 

            Você se acha agora em condições de aprender a negociar um contrato. O segredo da obtenção de um resultado positivo reside na maneira pela qual você apresenta o assunto que é o objeto de conflito.

 

Por que eu tenho que fazer todo trabalho?

            Muitas mulheres não se recusam a iniciar discussões acerca de conflitos desde que as questões levantadas sejam apresentadas de forma destrutiva, como culpar, se queixar, criticar, etc.; mas elas costumam recuar quando se pede que sejam positivas e construtivas.

Você pode se sentir contrariada, mas tem de encarar os fatos:

As mulheres são as vigilantes do relacionamento, o que significa que são elas que percebem os problemas conjugais; somos as supervisoras e mantenedoras do relacionamento. Dessa forma, como pode o seu marido iniciar uma discussão acerca de um problema de que ele não se dá conta?

            Você pode continuar fazer o que vem fazendo ou pode fazer aquilo que produz resultados. A escolha é sua. Se você deseja chegar a uma resolução, o passo seguinte é aprender a apresentar os seus problemas para discussão de uma maneira construtiva. (p.131)

  • Primeiros Movimentos

Iniciemos pelos seus sentimentos.

  • Identificar a Velha Cicatriz
  • Identificar as suas Ciladas de Brigas
  • Drenagem da Raiva Bruta
  • Escavando em Busca do Amor
  • O Quebra Gelo
  • A Frase Preparatória

 

A Declaração do Problema

Considerações Fundamentais

 

  • O Confronto Positivo

A declaração de um problema é um confronto. O descontrole emocional nunca produz bons resultados e é sempre prejudicial ao relacionamento. Por conseguinte, lembre-se de que este não é o momento para o desafogo emocional. Você já deve ter drenado o excesso de seus sentimentos, e, caso não o tenha feito, eu desaconselho tratar de seu conflito.

É a maneira como você introduz o confronto que instaura o clima adequado e determina se as suas negociações vão ou não avançar. (p. 135)

 

  • Não diga nada

O seu objetivo é apresentar o que a incomoda e descrever, não expressar, a sua reação emocional. Quanto mais calma e controlada você for, tanto maior a probabilidade de você ter uma discussão bem-sucedida. (p. 135)

  • Um assunto de cada vez

O segredo está em não sobrecarregar seu cônjuge apresentando mais de uma questão. Cuidado com a Cilada das Brigas do tipo “Lata de Lixo”. (p. 136)

  • Não reaja imediatamente

Como observação final, não se deve reagir imediatamente quando for ofendida. É preciso averiguar se está preparada para discutir o conflito e se realizou todos os passos ao Auto exame.

Portanto, enquanto você não alcançar a proficiência na resolução dos próprios conflitos, evite confrontos. (p.136)

 

 

Criando a sua “Declaração do Problema”

 

  • A Aceitação de Credenciais

Ela garante que o seu companheiro fique do seu lado, mesmo durante um confronto. Ela protege a psique dele para tornar desnecessárias medidas de proteção como desculpas, defensividade e negação. Quando o ego do seu parceiro recebe um revestimento isolante, ele fica disposto a ouvir seu problema. (p.136)

Exemplos de Aceitação de Credenciais:

“Eu sei que você não queria me magoar (ou irritar)

“Estou certa de que você não pretendia causar transtorno”

“Eu sei que você me ama (e às crianças) e não quer magoar os meus (nossos) sentimentos”

Sentindo que você não o estáacusando, ele já não precisa mais se defender.

  • Apresentação do seu problema: A fórmula X, Y

A maneira adequada de apresentar o seu problema consiste em usar a Fórmula X, Y, que se compõe da descrição do comportamento incômodo do seu parceiro e da afirmação de como comportamento faz você se sentir: Quando você faz X, eu sinto Y.

Observei que eu lhe avisei para se concentrar no comportamento que a deixa irritada. Concentrando-se no comportamento de seu marido, em vez de na pessoa dele. (p. 137)

Evite a palavra “você”:

Quando ouve “Você fez x, y ou z”, o cônjuge frágil sente que há um dedo sendo apontado para o seu ego, e você sabe o que isto significa.  Você pode tirar o ego dele da linha de tiro reorganizando a Fórmula X, Y de modo a não dizer de maneira alguma a palavra Você”. Por exemplo: Sinto x…quando ocorre isso ou aquilo” ou “Sinto x…quando me dizem (ou me fazem) isso e aquilo”. (p. 138)

  • Agora prepare a sugestão para o futuro

A Declaração do Problema só estará completa quando você adicionar a Sugestão para o Futuro.

A sua Sugestão para o Futuro apela ao lado concreto, orientado para a meta, do homem, o lado que diz: “Diga-me o que é para fazer e eu farei”

Para que sua Declaração do Problema seja eficaz, você vai precisar falar mais à maneira masculina e dizer diretamente qual mudança de comportamento você quer que ocorra. (p. 138)

 

 

Forme um “Todo” com os passos anteriores

 

Quando todos esses passos estiverem moldados de modo a formar uma totalidade, a maneira pela qual você vai apresentar o seu problema ao seu parceiro seguirá mais ou menos o roteiro abaixo:

 

  • Quebra-Gelo: “Querido, você tem algum tempo para falar comigo? (Resposta: Sim)
  • Frase Preparatória: “Sei que você tem se esforaçado muito em trabalhar comigo na resolução dos nossos confitos e que ro dizer que seu empenho me agrada muito.”
  • A Aceitação de Credenciais: “Sei que você não percebeu que eu ia ficar contrariada, mas…”
  • Apresentação do seu problema: a Fórmula X, Y “Quando me acontece x (evite a palavra você), eu sinto y”

Você pode inverter a ordem e falar primeiro do que sente, descrevendo depois o comportamento.

  • Acrescente a Sugestão para o Futuro “Mas, no futuro, eu me sentiria muito feliz se você fizesse ou dissesse x”

Talvez pareça artificial e pouco espontâneo planejar o que vai dizer. Essa avaliação é correta. Mas é preciso que você se envolva com esse processo incômodo e o pratique, porque ele protege da tendência a disparar a falar antes de avaliar o efeito que podem ter suas palavras. (p.139)

 

Mudança de Posição:

Torne-se Supervisora da Discussão

 

Tendo formulado a Declaração do Problema, esteja preparada para fazer uma mudança de papéis imediata, de 180 graus, passando de parte que confronta a supervisora de discussão. Tenha em mente que mesmo fazendo uma perfeita Declaração de Problema, a sua discussão ainda pode se desencaminhar. A tarefa de supervisora consiste em manter o dedo no pulso emocional do seu companheiro, atenta para sinais de ativação do SNA, e garantir que a sua discussão não saia dos trilhos. (p.141)

 

 

Como resolver um Impasse Comum nas Negociações

As Contrapropostas Intermináveis

 

Quando negociam, os casais muitas vezes caem numa teia de contrapropostas (A Síndrome do eu proponho x, então você propõe y.)

Diante dessa ocorrência, parece impossível “fechar” um acordo. As contrapropostas intermináveis surgem quando faltam no seu contrato elementos essenciais. Por exemplo, se o contrato é unilateral, em vez de recíproco, o cônjuge que está sendo levado a aceita-lo resiste a concluir a negociação porque as suas ideias não foram levadas em consideração.

A apresentação interminável de contrapropostas também esconde sentimentos não-verbalizados. Por exemplo, a resistência a fechar o acordo talvez esconda o medo de mudar ou o receio de que produzir reviravolta só piore as coisas no casamento. Esses temores são a fachada de um medo mais profundo, o de ficar desapontado – se chegarmos a um acordo e o meu cônjuge não o cumprir, ficarei magoado.

Sempre que surgem contrapropostas, é bom examinar o que pensa seu companheiro com relação ao significado do impasse. Também é imperativo que os dois usem suas capacidades de escuta para compreender totalmente os sentimentos e objeções relativos a todas as propostas apresentadas. Escutar os sentimentos um do outro costuma ser suficiente para fazer a discussão avançar. (p. 149)

 

 

 

Não é preciso sorte para iniciar esta Jornada, mas empenho, pois sucesso conjugal não é uma questão de sorte. O sucesso no casamento advém da aprendizagem das técnicas simples descritas neste livro e de sua prática na vida cotidiana.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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