Tempo de escolhas

Por Polyana Luiza Morilha Tozati em

TEMPO DE ESCOLHAS
Adolescência

Léo Fraiman, em seu livro “Meu filho chegou à adolescência, e agora?” (resumo realizado a partir de transcrições literais do referido livro), estabelece uma série de decisões necessárias ao adolescente:

– com quem iremos andar,
– que marcas admiramos e quais as de que gostamos,
– para onde vamos,
– que profissão seguir,
– que universidade escolher,
-que tipo de alunos seremos,
– o que nos alimentará dali em diante,
– quais regras aceitamos e quais debateremos,
– como queremos cuidar do nosso corpo,
– se continuamos com a religião de nossos pais ou a abandonamos,
– nossa filosofia de vida,
– em que valores acreditamos,
– que papel iremos desempenhar na sociedade,
– como passar nosso tempo livre,
– que outras habilidades queremos desenvolver,
– que livros iremos ler,
– com quem nos sentimos bem ao trocar idéias,
– quando e como ter a primeira relação,
– a quantas redes sociais pertencer,
– o que expor de si nas redes sociais,
– com que tipo de pessoa nos sentimos bem em trocar afetos,
– quem desejamos e quem rejeitamos afetivamente,
– quem desejamos e quem não desejamos sexualmente,
– que contato teremos com a nossa comunidade,
– como iremos lidar com o dinheiro,
– com que grupos iremos andar,
– como driblar o tão tentador consumo de álcool, de drogas e de tabaco.”

E tem gente que fala que o adolescente precisa apenas estudar. Mero engano, miopia. Em um momento tão rico em definições, é de se esperar que a mente se volte para dentro, a fim de que as verdades pessoais sejam formadas de modo autêntico. Parece uma fase egoísta? E precisa ser assim.”

Diante de tantas incertezas e novidades pela frente, os adolescentes admiram ‘personalidades extravagantes’, mesmo que perigosas, dignas de represálias, mesmo que contrária à maioria. A intensidade os fascina, até mesmo porque o tédio os domina.

Nesta etapa da vida, ousar, experimentar, buscar o novo são necessidades. Precisa ir a todas as festas? Sim! Ouvir o som tão alto? Sim! Pode tudo isso? Não!!!

Ser adolescente é também viver um momento de experimentação, de alguma transgressão e de algum namoro com o risco e com a novidade. Sem arriscar, sem certa inquietação e irritabilidade com o que é e com o que está aí, não expandirá seus horizontes e possibilidades.

E os PERIGOS???

Nessa etapa da vida, o córtex pré-frontal, a área responsável pela tomada de decisões, pelo freio moral, pela avaliação dos perigos e pela reflexão moral, ainda não está totalmente formada e isso faz com que o cérebro não perceba certos perigos, problemas ou conseqüências que os adultos já conseguem perceber. Ou deveriam. Quando os filhos dizem:

– “Qual o motivo de tanta preocupação?”
– “Por que não posso beber se tanta gente bebe?”
– “Para que tanto controle?”
– “De novo esse papo de camisinha?’
– “Qual o problema de eu tentar fazer isso?”
– “Por que se preocupar como voltarei da balada? Eu dou um jeito.”
– “Por que não posso prestar para essa profissão que eu quero?”

…eles não estão enchendo, não estão aborrecendo, não estão trazendo problemas e sim buscando sua própria vida, suas próprias verdades, suas crenças e seus valores. Eles estão adolescendo e nascendo para uma nova etapa de vida.

SAÚDE DE UMA FAMÍLIA

A saúde de uma família está diretamente relacionada com o grau de integridade que os pais imprimem em seu lar.

Integridade em três níveis: entre eles próprios; entre seu papel social e familiar; e a integridade em relação à sua própria alma, sua porção mais elevada. Quanto mais participativos, mais os pais tendem a esperar bons resultados escolares de seus filhos. Por esperarem isso,

– planejam atividades;
– dividem tarefas;
– colaboram entre si;
– fomentam a cooperação dentro de casa;
– incentivam o espírito de time, todos por todos,
– avaliam constantemente os resultados,
– incentivam progressos,
– reconhecem problemas e os enfrentam com criatividade e proatividade,
– visitam a escola com uma atitude positiva e colaborativa.

Participar é mostrar no dia-a-dia que o estudo e o saber são realmente importantes, não apenas da boca para fora. Quando isso é feito, muitas coisas boas acontecem, numa espiral positiva de: proximidade – cumplicidade – busca conjunta de recursos – realização de resultados – mais proximidade – convívio seguro – autoconfiança.

PROJETO DE VIDA

Pesquisa da OIT (Organização Internacional do Trabalho) de 2009 revelou que, no Brasil e em outros países o índice de pessoas satisfeitas no trabalho é de apenas 8%. Se você só fala do que faz como algo cansativo e entediante, se na mesa do jantar todos ficam reclamando do chefe, dos clientes, da vida…como seu filho pode associar trabalho com realização pessoal?

Quando falar do seu trabalho ou for contar como foi seu dia, lembre que essas são as  suas opiniões e refletem a sua história. Cada pessoa é única, cada profissional traça sua própria trajetória e seu filho tem o direito de sonhar com seu próprio projeto de vida e de ser estimulado a realizar-se.

Se você se realiza no que faz, explicite isso, senão aproveite o espírito apaixonado de seu filho adolescente para reapaixonar-se pelo que faz, para ajudá-lo a se motivar a uma vida iluminada e realizada. Você e suas atitudes são modelos para seus filhos.

FATORES QUE PODEM AFETAR NEGATIVAMENTE O APRENDIZADO

falta de motivação para aprender;

– falta de orientação sobre como prosseguir nos estudos;
– falta de prontidão ou impossibilidade de assimilar certos conteúdos naquela idade;
– falta de apoio personalizado ou incapacidade de aprender como se é ensinado;
– falta de segurança – não se sentem seguros para ultrapassar limites pessoais e crescer;
– falta de visibilidade – o baixo rendimento serve para chamar a atenção dos pais;
– falta de auto-estima – o baixo rendimento é uma forma de atacar os pais.

CUIDADO COM O ESTRESSE
NA ESCOLHA PROFISSIONAL

“Ter que” decidir por determinada carreira pode gerar uma alta carga de estresse. É importante que o vestibular e a escolha da profissão sejam associados não a um sofrimento (“Coitadinho do meu filho”, “Que carga puxada que ele tem que estudar”, “Como os jovens sofrem hoje”…) e sim a uma responsabilidade social e um privilégio.

Escolher é abrir a oportunidade de colher (lá na frente) um bom fruto da vida que se constrói.

Escolher = excolligere = selecionar algo para fazer), adotar (uma causa), optar (por uma identidade), eleger (uma missão).

Nosso cérebro tende a bloquear-se diante de situações ameaçadoras. Como sentir motivação se crescemos ouvindo que este é um momento terrível? O vestibular não é um bicho de sete cabeças para alunos que têm pais participativos, bons hábitos de estudo e uma boa autoestima.

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