“Pessoas tóxicas”…como (re)conhecê-las e proteger-se

Por Polyana Luiza Morilha Tozati em

Pessoas tóxicas são assim denominadas porque a convivência com elas é muito difícil e desgastante. São pessoas que podem, ou não, apresentar algum Transtorno de Personalidade e que em função das suas extravagâncias ou excessos, nos trazem constrangimento, cansaço ou desprazer. Quando a conhecemos e por algum tempo, podem parecer pessoas encantadoras e até mesmo fascinantes, mas na medida que o relacionamento com elas se torna mais próximo e contínuo, costumam nos causar mais prazer com sua ausência do que na sua presença.
Identificar e aprender a lidar ou a “abstrair” algumas de suas provocações ou “atuações” é uma forma de autodefesa, lembrando que todas as pessoas estão sujeitas a apresentarem fases conturbadas, nas quais podem se tornar “perturbados” ou “perturbadores”, por estrem em vivenciando crises ou apresentando algum tipo de dificuldade emocional. A principal diferença entre pessoas temporariamente tóxicas e pessoas com um padrão de comportamento tóxico, está no fato de as primeiras mediante “um toque” ou convidadas a uma autorreflexão, reconhecem que foram inadequadas e buscam mudar seu comportamento tóxico, atitude que não costuma acontecer com pessoas tóxicas, pois as mesmas costumam ficar ofendidas, negar e repudiar qualquer responsabilidade sobre as dificuldades que impõem aos seus relacionamentos.
Pessoas tóxicas tem um “jeito de ser” desgastante e nocivo tanto para si, quanto, principalmente, para as pessoas com as quais convivem. Pelo prejuízo e tumulto que podem gerar às pessoas de seu convívio, torna-se imprescindível reconhecê-las e para tanto um conjunto de características foram didaticamente separadas em perfis, bastante estereotipados e exagerados no intuito de evidenciar suas atitudes, também, exageradas e inadequadas. A intenção não é portanto, a de rotular ou julgar, mas oferecer saídas, para garantir a sobrevivência das relações e a saúde emocional dos envolvidos. Os perfis nesse caso devem servir de “alerta”, de sinalizadores de atitudes tóxicas, e para tanto, devem estar presentes, de maneira inflexível, permanente e aparentemente imutável.
Em se tratando de exageros, especificamente de si mesmos, surgem os Narcisistas, por exemplo, que buscam ser atendidos em suas necessidades e desejos, esquecidos da existência do restante dos humanos. Julgam que os demais estão à serviço de seus caprichos, logo, usá-los e despachá-los, manipulá-los ou abusá-los, é natural no seu universo egocêntrico. Cuidado e autorespeito devem nortear as interações com essas pessoas.
O grupo das Vitimas, excessivas na autocomiseração, vivem a alardear seus infortúnios e a eleger “vilões” em suas vidas, uma vez que, híper sensíveis às reações e críticas das outras pessoas, esperam que a todo momento, seus amigos, familiares ou colegas, estejam à disposição para ouvir suas lamúrias sem fim e, na visão delas, sem possibilidade alguma de solução. Pois solucioná-las seria perdê-las, o que significaria não mais poder lamentar e se vitimar. Neste caso é indicado manter a própria vida e resistir ao intento de salvá-los.
Os Desconfiados são exaustivos, pois estão sempre farejando conspirações ou colocando em dúvida a lealdade dos seus próximos, e acabam promovendo muita discórdia, ao semear dúvidas e intrigas, na sua constante busca de aliados e traidores. Recomenda-se ficar alerta e evitar dividir o mundo entre “mocinhos” e “bandidos”
Os “Reclamões” ou Insatisfeitos, estão sempre se queixando e, hábeis em criar obstáculos, em construir empecilhos, desqualificam qualquer empreendimento, acabando por desanimar o mais entusiasta dos sonhadores. Importante é preservar os sonhos e mensurar as reais possibilidades e riscos.
O excessivamente Carente é aquele que exige que seus amigos ou amores estejam disponíveis 24 horas por dia, interpretando como descaso ou rejeição, qualquer desejo do outro de privacidade ou vida própria. Sentem-se constantemente rejeitados e preteridos, sufocando suas vítimas com excesso de exigências. Necessário portanto, é desistir de tentar satisfazê-los.
Os Dramáticos, não menos exigentes, precisam ser continuamente o “centro das atenções”, ficando amuados ou irritadiços, se não atraem todos os holofotes. Tornam-se cansativos ao transformarem os demais em plateias de suas façanhas ou de seus dramas. Resista ao anseio de querer superá-los, preservando sua auto estima, pois estará relegado a ser coadjuvante.
Os Intrigueiros ou fofoqueiros são excessivos em disseminar as opiniões alheias, e, acabam por estar infiltrados em vários grupos. Como camaleões, nunca expõem suas opiniões com sinceridade e, “levando e trazendo” informações equivocadas e contraditórias, não guardam segredos, costumando causar discórdias e desentendimentos. Permanecer atentos e checar a realidade das informações.
Os Impulsivos e sem controle, trazem muita agitação e perturbações para aqueles com os quais convivem. Sempre à beira de um “ataque de nervos”, deixam os demais “pisando em ovos” frente à iminência de uma “crise”, que pode ser deflagrada a todo e qualquer momento. Manter a calma e a lucidez é a melhor forma de conduzir as situações limites geradas pelos excessos.
Pessoas procrastinadoras se tornam tóxicas, pois com expressiva dificuldades de cumprir prazos, acabam por gerar ansiedade e insegurança naqueles que delas dependem. Atrasos de horários e compromissos acabam por obstruir a vida das pessoas que dependem de sua colaboração. Evite depender deles.
Ao contrário, estão as pessoas Perfeccionistas, excessivas em rigidez e eficiência, acabam gerando ansiedade nos demais por estabelecerem parâmetros de perfeição, em geral, inatingíveis, ou ainda, que por preciosismo, acabam por tornar impossíveis e desgastantes a conclusão de qualquer tarefa. Não espere aprovações.
A maioria das pessoas tóxicas são molas propulsoras de ansiedade, mas ainda há o grupo dos efetivamente Ansiosos, que estão sempre ausentes do espaço/tempo real, sempre buscando afazeres e fugas, para não vivenciar o momento presente. Se tornam exaustivos pela inquietação e cobranças, declaradas ou veladas, que estão sempre deixando transparecer na convivência. Procure pensar e manter o bom senso frente às emergências do ansioso.
Mesmo sem nos empenharmos muito, podemos identificar várias outras formas de convivências tóxicas, mas independente da perturbação, a pergunta que “não quer calar” é a de como conviver com essas pessoas peculiares?
Trata-se de uma convivência difícil, mas não impossível, pois compreendendo o lado nocivo de suas atitudes, podemos estabelecer estratégias de sobrevivência e de convivência com elas.
Acrescentando às dicas individualizadas, alguns cuidados precisam ser enfatizados e mantidos em relação à todas as pessoas tóxicas, como manter o bom senso e a razão, para não sucumbir às incoerências e exigências de seu companheiro, familiar ou colega tóxicos.
Igualmente, desistir de “colocá-las na linha”, não esperando tomada de consciência por parte delas, desistindo portanto, de ter razão, pois a razão, na visão das mesmas, está sempre com elas. Como fazem uso de qualquer tipo de argumentação, não se importando com a (in)coerência das mesmas, a não ser que seja para desabafar, devemos evitar os confrontos, uma vez, que nossas críticas serão usadas para provocar mais conflitos na relação.
Muitas vezes as pessoas tóxicas nos são caras e desejamos mantê-las próximas à nós, logo a saída é a de nos permitirmos afastamentos ocasionais para “recarregar as energias” e recuperar nossa capacidade de pensar e de nos protegermos, pois como a convivência é desgastante, ficamos confusos e desorientados, incapazes de acreditar que essas pessoas possam agir de forma tão extremada, irascível, insensível, irresponsável, abusiva e/ou egoísta.
Por isso, precisamos aceitar e entender que essas pessoas realmente existem, e que, na maioria das vezes, precisam de ajuda, e que essa ajuda somente pode ser eficaz se preservarmos nossa integridade, principalmente caso nossa própria vida esteja sendo prejudicada e nossos princípios negligenciados. Ou seja, quando o distanciamento se mostre a única solução possível é importante verificar se realmente usamos todos os recursos disponíveis para preservar a relação.
Outra advertência importante, caso optemos por permanecermos, ou não, ao seu lado, é a de lembrar que pessoas tóxicas são especialistas em distribuir culpas, uma vez que, na visão delas, nenhuma de suas desventuras partem de seus próprias equívocos, mas são sempre culpa dos outros. Então, não importa o que façamos, para elas, seremos sempre os culpados.

Categorias: Reflexões

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