“Como se fora brincadeira de roda” Nossa vida como ciranda!

Por Polyana Luiza Morilha Tozati em

Envolta na canção de Gonzaguinha, Redescobrir…sigo a inspiração e vou sentindo a vida como uma “ciranda”, nos convidando constantemente a dançar e a delinear nossa própria coreografia a cada novo baile que compõem o grande espetáculo da nossa existência. A vida segue em círculos, em espirais nunca linear, por isso é dança, movimento e (re)descobertas.
Na suavidade da música e na força das palavras, podemos bailar pelas diferentes etapas de nossa vida e refletir como cada passagem é desafiadora e deslumbrante:
Saímos do calor do útero e aprendemos a respirar e a receber este mundo já coreografado de nossa família, aprendendo como nos mover num elenco, há muito tempo, já formado e ensaiado.
Quando estamos quase pegando o jeitinho, somos convidados para ir à escola e outra ciranda recomeça, e, novos personagens surgem, novos amigos para darmos as mãos e girarmos, ao ritmo agora, das novas imposições da cultura.
Da ciranda da escola, somos convidados à entrar na ciranda do futuro, adolescentes ainda, somos desafiados a escolher a coreografia da nossa vida adulta e ainda perplexos pela perda da infância, vamos trôpegos ao novo baile de ser “gente grande”.
E ainda atônitos com as persistentes exigências que a dança do amanhã nos impõem, somos convidados a encontrar nosso par, aquela pessoa que ficará ao nosso lado, segurando nossa mão nas cirandas que virão.
E desta forma, acompanhados ou solitários (mas sempre ricos de nós mesmos), vamos seguindo as melodias que a vida nos apresenta até chegarmos ao final de nosso repertório.
O que portanto, esta canção traz de tão profundo e encantador é a efetiva possibilidade do redescobrir, com a perspectiva de criarmos novos passos e redefinirmos a coreografia em cada curva da ciranda, estabelecendo novas dimensões para nossa Jornada, pois como canta Gonzaguinha: “Tudo principia na própria pessoa” e, é a partir de nosso centro emocional que podemos evoluir.
E, ainda, mergulhando no “desconhecido mundo que é o coração” imergir em nosso mundo interno, no território dos sonhos e dos sentimentos, para encontrar “aquele universo que sempre se quis e que se pôs tão longe na imaginação”, em uma legítima viagem de autoconhecimento.
E finalmente, “redescobrir o sal que está na própria pele”, para, “como a criança que não teme o tempo”, estabelecer nosso ritmo e ciclos, amadurecendo em nosso próprio tempo, definindo os prazos e os momentos das grandes viradas e dos recomeços, pois sempre é tempo de “Redescobrir o gosto e o sabor da festa!”
Fica o convite para que cada um ouça a música e se encante e, “como se fôra brincadeira de roda” estabeleça seu próprio compasso.

Letra e música: Gonzaguinha (Poeta do coração!!!)
Interpretação: Elis Regina (Inesquecível!!!)
Vídeos no Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=9yMFBdEREWA

Redescobrir
Gonzaguinha

Como se fora brincadeira de roda
Jogo do trabalho na dança das mãos
O suor dos corpos na canção da vida
O suor da vida no calor de irmãos
Como um animal que sabe da floresta
Redescobrir o sal que está na própria pele
Redescobrir o doce no lamber das línguas
Redescobrir o gosto e o sabor da festa
Pelo simples ato de um mergulho
Ao desconhecido mundo que é o coração
Alcançar aquele universo que sempre se quis
E que se pôs tão longe na imaginação
Vai o bicho homem fruto da semente
Renascer da própria força, própria luz e fé
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós
Somos a semente, ato, mente e voz
Não tenha medo, meu menino povo
Tudo principia na própria pessoa
Vai como a criança que não teme o tempo
Amor se fazer é tão prazer que é como se fosse dor

Categorias: Reflexões

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